5.2.09

Nem a todas as perguntas, resposta


As perguntas fervilhavam, fermentando uma veemente tempestade de ideias. No turbilhão de perguntas, acabava por perder o fio à meada. Como se houvesse um desalinhamento de ideias à medida que as interrogações se encavalitavam umas nas outras. Nem havia tempo para respostas. Ou as respostas, quando emergiam entre a espuma torrencial de dúvidas, perdiam o valor que teriam enquanto as perguntas convocavam a sequência lógica. Dir-se-ia que as respostas se fragmentavam no conhecimento que aparentavam abrigar.


Eram inúteis, pois, as respostas. As divagações só eram santuário se trouxessem atrás a enxurrada de interrogações. Demitia-se das certezas. Demitia as certezas. De cada vez que julgava ter encontrado uma resposta, não a dava como assente. Interrogava a resposta, como se fosse um torcionário a querer extrair, com a violência dos algozes, a verdade pretendida. Era por isso que cada resposta correspondia a um momento amargo. Não gostava de pronunciar, mentalmente que fosse, "eureka".


Era o dilema excruciante: afinal de que serviam as perguntas se as respostas traziam um doloroso pesar? Mesmo quando desembainhava a espada contra as soluções imersas no seu típico brio, afinal só queria outra resposta, uma resposta diferente da que só era equacionada depois de mostrada. Ou talvez não. Talvez fosse o maior verdugo das verdades nascidas pela pena das respostas. Incomodava-se, não com o teor das soluções que espreitavam detrás do horizonte das mentais deambulações. Só se incomodava com respostas. Por elas existirem. Temia que a cada solução estivesse a liquidar o potencial das interrogações. Nem a vastidão do desconhecido, com tantas perguntas à espera de formulação, o sossegava.


Tudo era matéria aberta às metódicas interrogações. Às vezes tudo isto lhe parecia uma encenação, apenas uma vazia encenação. Um pretexto para aquecer o descontentamento com o que lhe era exterior, começando a disparar sobre o âmago de si. As negações de respostas eram o prazer sublime. Era aí que se escorava o interminável rosário de interrogações. Impunha-se desfazer de cima a baixo as verdades que eram assim apresentadas, verdades. Nem que fosse para avivar o incómodo dos detentores dessas verdades. Mas o que mais apreciava era esmagar as pessoais convicções. Queria desafiá-las, constantemente. Até a, porventura, pôr em causa a sua identidade.


Era como se fosse um navio que se escondia das águas mansas, da claridade do sol, dos ventos frescos que varriam as nuvens. Era como se esse navio fundeasse sempre nos mares tumultuosos, as ondas a cavalgarem o enjoo das ideias feitas, só o céu tão plúmbeo a alimentar o vórtice de interrogações. Às vezes aportava em demanda de imaginários portos seguros, tecendo-se em seu convidativo leito para a aquietação da tempestade de ideias. Logo a ânsia pelas nuvens amontoadas que carregavam as tempestades tratava de subtrair da letargia. Parecia que vogava sem rota, a não ser a rota que encaminhasse ao istmo de onde brotavam as tempestades. Onde todos os sentidos se alimentavam, vorazmente.


Às vezes, também, refém de um infinito sono que não sabia se era apenas sono ou pesadelo. Havia alturas em que tinha a certeza que era pesadelo. Só não anuía na certeza por a desafiar no seu terreno. Era pesadelo quando sentia que o pensamento navegava em círculos, regressando ao ponto de partida: mais uma interrogação no durável amuo pela resposta que convocara. Era quando notava que o sono não navegava nas águas abertas dos oceanos todos; assemelhava-se a um esquizofrénico labirinto com as paredes sempre iguais apenas a mudarem de cor. A aparência de lugares diferentes, quando depois de andarilhar em círculos aportava ao mesmo lugar.


Sobravam paradoxais sensações. Uma, ingrata, por descobrir que regressava sempre ao lugar de onde partira, declinadas as respostas no pretexto de partir em demanda de renovadas interrogações. Contudo, era essa a sensação que reanimava: os olhos sempre vigilantes num bramido de conhecimento, nem que fosse na meticulosa arte de desafiar o estabelecido. Nem que fosse para descobrir – acaso interessasse – que isto não passa tudo de uma tremenda alucinação.


2 comentários:

Anónimo disse...

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