20.7.10

A “noiva do mundial” – excurso sobre a imbecilidade masculina



In http://www.gilroydispatch.com/content/img/f230653/WomenInBiz.jpg
Vamos lá ver se é desta que escrevo peça que ponha as feministas em sentida ovação. Não direi que é aspiração de vida, mas não anda longe.
Quem não foi esmagado (literalmente) pelas saliências mamárias de uma jovem paraguaia que ficou conhecida pelo fervor patriótico com que vibrava nos jogos da sua equipa no mundial de futebol? Quem não ficou embevecido com os dotes mamários, aquele pormenor do telemóvel libidinosamente repousando no regaço formado pela curvatura em forma de vale desenhado pela protuberância dos seios tão diligentemente metidos num soutien dois números abaixo do recomendado? Só quem não tenha acompanhado, não digo os jogos, mas as notícias sobre o campeonato do mundo de futebol. Aliás, a certa altura, a bola ficou muda diante da enxurrada de fotografias e imagens vivas daqueles seios mastodônticos. Aquelas mamas canibalizaram a bola.
A bola deixou de ser jogada na África do Sul, mas a rapariga continua na mó de cima. Já dei de caras com notícias de televisões de vários países latino-americanos que apanharam o avião até Assunção e meteram no GPS a morada da lúbrica moçoila. Desunham-se, os órgãos de comunicação social, por uma première da moça como ela veio ao mundo. Entretanto, foi-me dado a apreciar que a intrigantemente cunhada “noiva do mundial” (ainda estou para perceber a lógica da alcunha) é daquelas meninas que só de abrir a boca passeia um vasto oceano de frivolidade. Numa das entrevistas, um repórter peruano, nos píncaros da excitação, perseguia a moçoila pela casa familiar. As origens humildes não explicam a boçalidade da menina.
(Fecho agora o parêntesis que abri no parágrafo lá atrás, para tentar encontrar um feixe de luz para o enigma – o chamar-se-lhe “noiva do mundial”. Em que lugar do mundo uma noiva tem aspecto ordinário? Para os que prestem tributo aos bons costumes, às tradições conservadoras das boas famílias e ao resto, é uma ofensa cunhar o epíteto “noiva” a uma rapariga que mais parece uma vulgar – mas indubitavelmente sobredotada – “rapariga de programa”.)
Ora, não quero parecer bota-de-elástico. Nem ir para o refrigério por onde se acalma em autoflagelações sintomáticas gente temente aos mandamentos da santa igreja. Mas as imensas solicitações da imprensa que transformaram a rapariga em celebridade inusitada têm algo de apalermado. Faz lembrar os animais em cio que perdem o sentido dos ponteiros da bússola porque lhes chega ao olfacto o odor incomparável da fêmea lasciva que convida à cópula. Ou a adolescência, ainda na inexperiência da função, e as parvas figuras que fazíamos atrás de um rabo de saia. Ou homenzarrões que já começaram a cheirar os primeiros pós de andropausa e se acham capazes das maiores façanhas, talvez das façanhas que nem em jovens foram seu timbre, e com jeitosas raparigas de preferência com idade para serem suas filhas (ou até netas, que não desdenham).
Lá vem o “liberalão” pôr o seu amoedo. Nisto, como em tudo, em havendo um mercado não estranhemos até o insólito. A muita baba expelida por varões famélicos é a procura. Haja curvas e mulherio disposto a alugar o corpo (a oferta). Talvez esteja errado – e “forçado” aos deveres da monogamia, mais se inclina o erro – mas aprendi a apreciar mulheres com cérebro preenchido. A vista não desdenha uma mulher curvilínea a passear-se diante dos olhos. Daí a imaginar que me perdia nos lençóis com uma monumental mulher desprovida de miolos, vai a distância para uma libido sem freio e apalermada. Lá vem o aplauso das feministas: a coisificação da mulher é lamentável.
Só cá entre nós – e curto e grosso: um jantar com a “noiva do mundial” tirava-me o tesão.
(Em Santarém)

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