Sidewalking

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Emanações juvenis. A lava reprimida dentro de um vulcão. Exaltações sublimes, ou as mãos num uníssono e sussurros que vão de ouvido a ouvido. A força braçal não pode nada contra os laços cerzidos à luz da vela. As cores são garridas. Ou sombrias. Depende do mando da estética do momento. Sejam quais forem, são reconhecidas na sua estatura franca.

Os rostos mostram-se em seus sorrisos generosos, são templos que purificam as sombras. As vozes decantam palavras quiméricas. Cantam, as vozes, e pássaros em redor tributam homenagem à melopeia encantadora. Pois é de encantos que se trata. E de uma lhaneza que é toda a sua grandeza. As mãos enlaçadas apressam-se em suores, como se os suores fossem um feixe de eflúvios místicos, inatingíveis às palavras incapazes de as retratar.

Evocam-se as palavras. Sejam as que se enovelam numa singularidade desarmante, ou as que se soerguem ungidas pela vitualha poética. Elas abençoam os corpos que, transidos, partem em demanda de uma lareira que os aconchegue. Os vitrais depuram a luz bruta, que chega aos olhos na policromia nítida de um arco-íris. À bênção dos elementos, o arco-íris desenha-se numa perfeição singular, um arco perfeito de um lado ao outro, as cores límpidas como metáfora viva da constelação armada pelos sentimentos irrefreáveis. Às vezes as palavras não são precisas. O pressentimento de um olhar é mensageiro diligente. As ruas são andadas com a presença tutora que enxota outros descaminhos. Salta à vista a harmonia.

Se preciso fosse, um artefacto confirmaria a planura perfeita do chão pisado, do chão de que fomos artesãos. Amassámo-lo com nossas mãos, nele foi deixado suor, algumas lágrimas. Agora é nosso. Fazenda só nossa, por onde passam os pés ritmados sob a batuta de um som uníssono que serve de guia – as palavras com que nos ungimos, plenas na sua simplicidade. Dos contrafortes atrás das costas, nem um vestígio. Apenas os pés compassados deixando sua melodia inscrita em pautas de ouro.