18.2.13

Voluntariado fiscal


In http://www.garopabafm.com.br/image/noticia/p/not_1301082389DSC01224JPG.jpeg
Fico comovido quando nos ensinam, sem hipótese de negação, que o mundo tem de ser entendido pela lupa do coletivismo. Somos uma sociedade, o grupo deve valer mais que os indivíduos. As vontades individuais devem inclinar-se à vontade coletiva (sem se perceber, de maneira convincente, como se forma a vontade coletiva e quem a determina). E quando apresentam um cardápio generoso em deveres imperativos, sobra a vontade de dizer não as vezes que forem precisas.
O governo empossou-nos, cidadãos sem recusa do pagamento de impostos, fiscais ao serviço da autoridade tributária. Somos obrigados a pedir fatura (caso os estabelecimentos onde fazemos compras sejam relapsos e fujam da sua obrigação fiscal). E se declinarmos o voluntariado fiscal à força, corremos o risco de ter de depositar coima pelo esquecimento.
Mal andamos quando sobre nós se abate um paternalismo fiscal que se confunde com totalitarismo. Mandam dizer os moralistas que ainda suportamos (a sociedade, para em cada um de nós se soltar a indignação de quem esbarra numa injustiça) muita fuga aos impostos. Que se não houvesse tanta gente sem escrúpulos seríamos nação mais próspera, por via dos réditos fiscais e do aumento da riqueza medida. Com uma mãozinha da tecnologia que se põe ao serviço do cruzamento de dados, para deleite dos mangas de alpaca que adoram ser intrusos na vidinha dos súbditos. Para este plano totalitário não soçobrar, uns funcionários do fisco vagueiam por aí sob disfarce, preparados para educar (à força de coima) os contribuintes que não quiserem ajudar a combater a fraude aos impostos. O que ainda não contaram, é que esses bufos invisíveis não têm poderes policiais – eles não podem obrigar à identificação de quem recusar a sua autoridade (a menos que cada fiscal do voluntariado fiscal ande atrelado a um polícia à paisana, o que podia ser uma ideia catita para diminuir o desemprego que continua a crescer).
E ainda há por aí uns iluminados da filosofia política que continuam a papaguear que este governo é qualquer coisa aparentado com o liberalismo. Não sabem o que é o liberalismo, nem supõem que este governo, ele mesmo, não sabe ao certo o que é (ideologicamente falando).

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