11.6.13

O que fazer às leis que empatam a felicidade?


In http://blitz.sapo.pt/iv/0/497/996/paulette-cb73.jpg
Uma velhinha francesa sem recursos, despojada dos haveres por penhora do tribunal, com saudades de um marido já sepultado por desvarios com a bebida, rancorosa por ter perdido o restaurante para uns chineses que detestava, descobre no tráfico de haxixe um filão. De começo vai para a rua angariar clientela. Acidentalmente, descobre um filão maior: usa o haxixe como ingrediente para doçaria diversa. Depressa se fez um sucesso com reputação internacional – pois até gente do outro lado do canal da Mancha se deslocava até à casa de Paulette. As pessoas faziam fila à porta de sua casa, à espera dos bolos aditivados que deliciavam consumidores que passavam a palavra e cavalgavam a fama e os proventos da idosa.
Mas a polícia descobre a trama. Consegue deitar a mão a Paulette e às amigas que a ajudavam na empreitada. Não consegue deitar a mão ao grande traficante da máfia russa, que por estas alturas já se teria posto ao fresco em porto seguro. Paulette e as amigas saem do julgamento sem terem de cumprir pena na cadeia. Valeu-lhes a idade provecta. O registo criminal foi manchado pela condenação. Já não iam a tempo de limpar esse opróbrio. Paulette, em magistral lição de empreendedorismo (tão na moda por estes lados), mudou o negócio para Amesterdão.
E nós renovamos a convicção que as leis seguem a espada virtuosa da sociedade. Quando ela (a sociedade) desce a sua mão punitiva sobre uma prática que acha imoral, ela (a lei) vai atrás como cão amestrado. Os agentes da polícia, a soldo da ordem e dos bons costumes, reprimem em conformidade. Nem que isso implique perseguir a felicidade de quem consome o que é socialmente censurável. De onde se conclui que a lei, quando tem estes pergaminhos persecutórios e confirma a tacanhez da moral bafienta, empata a felicidade alheia.
O que se devia fazer a leis destas? Deitá-las para o lixo. Sem remoço. De resto, quem quisesse consumir o que dantes fosse ilícito consumia. E quem quisesse continuar em território livre de drogas estava também na sua liberdade. Não há nada mais libertário. Dito por quem continua virgem de substâncias ilícitas deste calibre.

1 comentário:

Amanda disse...

Olá sr. português! Tentei ler o seu texto, entendi um pouco (pois não entendo muito português de Portugal), mas vagarei mais por aqui.
Se quiser, visita meu blog, comenta algo, só se quiser: nadadeademais.blogspot.com.br

Abs,
Amanda.