18.9.13

Turn on the lights


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É cedo? A medida do tempo, por paradoxal que pareça, é uma profecia intemporal. Vamos sempre a tempo. Do que quisermos. Se as luzes se mantiverem sequestradas pelas trevas, veremos na noite nosso algoz.
Não podemos palmilhar as paredes à míngua de claridade. Tropeçamos aqui e ali, os dedos magoados pelas armadilhas que a escuridão esconde. Talvez seja cedo se olharmos para a clepsidra com um olhar contumaz, despojado de ousadia. A perfunctória resignação é como se houvesse em nós o mister de capitular, tementes dos sobressaltos legados pelo tempo transato. É um tremendo erro metódico, continuarmos reféns do outrora que não saciou a vontade de ser. Como se não soubéssemos que o tempo futuro se promete em suas diferentes cambiantes, umas adocicadas, outras apenas com um travo agridoce que é a combinação das diferentes luzes que adejam sobre o firmamento.
Julgamos que é cedo e, temerosos, mantemos a luz apagada. Mas há uma torrente irreprimível que ascende desde o mais fundo de nós. Uma torrente fecunda, que deixa as veias a arder com o prazer de provar o que os vindouros tempos nos hão de consagrar. Se mantemos os olhos fechados pela inação da luz que se demite de o ser, não saberemos de que cor é o porvir à nossa espera. Acender a luz é um imperativo. Digo, em inglês porque há frases que têm melhor melodia quando são entoadas em inglês, “turn on the lights”. Digo-o no plural. Não chega uma luz, que depressa se podia extinguir, levando com ela a única claridade possível. A ousadia arremete pelo meio da floresta húmida onde nos detivemos. Não queiramos ser tutores de uma luz singular. Empunhemos mais candeias, exacerbando a luminosidade que levita diante dos nossos olhos.
Um dia, as luzes hão de ser hasteadas em toda a sua pujança. Nesse dia vou dizer, outra vez em inglês mercê das estéticas considerações, “don’t turn out the lights”.

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