6.11.13

Don’t give up

In http://abrigo7.com/blog/wp-content/uploads/2012/09/seja-perseverante.jpg
Enfraquecia-se-te o olhar porque querias estrelas no firmamento e tudo o que encontravas eram cinzas de um nevoeiro baço. Entristecias-te porque não alcançavam os olhos sedentos qualquer nau na embocadura do cais. Emudecias-te diante da indigência alheia. Nos interstícios do júbilo, havia um encantamento quebrado como se em ti povoasse o pior de ti que um espelho pode refratar.
Não era, esse correr temporário, tempo vão. Servia para resgatar o pensamento das intempéries por onde se tresmalhara. Essa a sua maior serventia: arrimar ao aconchego no regaço das planícies douradas, despojadas das consumições caladas. A rosa dos ventos removida debaixo da poeira era o zimbório de onde ecoavam as estrofes dos poemas maiores, dos poemas que mereciam lugar no panteão onde se aloja o património da humanidade. A rosa dos ventos, lugar onde a calibragem interior se consumava, andara perdida enquanto a tempestade foragida espalhava o caos. Nem quando tudo parecia desnorte, ou quando a maré tomou conta das ruas limítrofes delas fazendo mar, foi prostrado pela capitulação. Ali não havia lugar a capitulação alguma. Por mais doído estivesse o peito de tanto vento enfurecido nele se esbarrar, por mais consumido pelo mar encapelado que se entranhava na ossatura.
Às vezes interrogava se as ruínas momentâneas não eram a ativação natural de uma compensação. As coisas desfazem-se num ápice quando demoraram tanto tempo a serem erguidas. Não contam as derrocadas, as que são imprevistas e as que resultam de uma autopoiética decantação. A Fénix também voltou a viver quando estava entregue às cinzas que pareciam tumulares. Quando o hoje é uma projeção de um porvir que parecia inatingível, já não interessam as dores que o foram no tempo pretérito. As divindades da lucidez interior deixaram a cosmética iludir as cicatrizes. E as luzes das candeias estão viradas a sul, de onde sopra o vento atual, o vento reparador.
Na pirâmide empoeirada já só sobram os proveitos do tempo versado. Sabiamente, enquanto porfiava pela não capitulação, a chave da pirâmide foi devorada pelas ondas enraivecidas que visitavam o convés da cidade.

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