13.3.14

Um striptease não é sem farda?

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Que tempestade desembestada nas hostes da guarda nacional republicana! Descobriram que um seu elemento se exibiu, com farda a preceito, num striptease em Oliveira de Azeméis. O pobre rapaz já tem prometido processo disciplinar, que o topete de despir a farda para, ato contínuo, mostrar o corpo tratado em ginásio é ultraje à guarda.
Porventura o agente espevitado está à mingua de recursos. Que ninguém se esqueça que os funcionários públicos têm sido espoliados pela sanha de sacrifícios que os governos têm imposto. A necessidade de alternativas fontes de rendimento cresceu com o emagrecimento dos réditos que vêm na folha de pagamentos da guarda. Contudo, ninguém tem nada a ver com as despesas fixas do soldado da guarda que exibiu o corpo depois de o desnudar da farda que importunava a função. À míngua responde-se com estado de necessidade. Os superiores da guarda sentem-se ultrajados por uma exibição de striptease não se compadecer com o exibir e o depois despir da farda. Empertigados, protestam contra a aleivosia do subordinado: a farda é para ser respeitada, ou toda a guarda acaba mergulhada em pública chacota.
Os mandantes da guarda deviam aplicar comenda, e das mais elevadas, ao imaginativo rapaz que trouxe a farda para o espetáculo de striptease na periferia. Os superiores só protestam contra a exibição da farda antes de ser despida? Ou contra o despudor de um agente da guarda, entregue a lascívias exibições que – acharão no recato da sua consciência onde medra tão católico conservadorismo – não quadram com a pertença à guarda? Ao contrário, a guarda devia homenagear o agente do striptease. Onde já se viu um magote de moçoilas excitadas por verem uma farda da guarda? (É certo: a contorcer-se com lubricidade, antes da farda ser rejeitada do corpo e o porte atlético do agente despertar fantasias carnais no mulherio adjacente.)
Se varrêssemos os esqueletos que destilam a moralidade dos católicos de caserna, sempre ofendidos por saberem que se passam coisas – como dizer?, carnais – fora do seu radar visual, veríamos padres jovens, dotados de corpos torneados, a libertarem-se da sotaina para deixarem à mostra minimalista sunga escondendo as partes baixas da curiosidade das devotas excitadas.

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