12.6.14

Um enxame de tias

In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqGCqB8krnvCynl1P2zbdMujsxKj9bdCq9WUuEvpOfKzplhxypncpDauKujTebQQbuVM30mo0K1WBHsk7okCjaN9OWhwNzNb32FO9637IcW9WV3dh5uBG5pBRZijXOYIwr4QI7/s1600/bolsa+chanel.jpg
(Não é marialvismo inconsequente. Nem discriminação de género. Nem comunismo primário.)
As tias deixaram os canapés e o tricot. Aproveitando-se da emancipação feminina e, de caminho, abraçando a causa feminista, as tias já não são apenas coquetes, prendadas e destinadas a cuidar da casa, da prole e dos assuntos familiares. Saíram dos castelos confortáveis e vieram à luta, imersas na selva que outrora foi só dos varões e, se delas também era a selva, apenas um quinhão pertencia às mulheres de pelo na venta e sem pergaminhos “sociais”.
Agora as tias governam, deputam, fazem política autárquica, opinam em rivalidade com os opinadores de estalão – para além de darem festas aos que possuem pedigree; e para além de ostentarem a maquilhagem abundante e a fatiota dispendiosa e de beberricarem o chá das cinco através de chávenas inglesas de fino porte e de destilarem a pesporrência de casta com que se passeiam, por breves instantes (que a mistura com a maralha pode provocar urticária), na rua.
Agora vão para o governo com tailleurs impecáveis, montada cabeleira loira com que não nasceram, carteira que custou os olhos da cara a tiracolo, pronúncia de Cascais e pose superior que é inata e vai aos píncaros por terem deitado mão ao poder. Vão para o parlamento ostentar empinado nariz, arrotando enormidades que postulam o chicote político sobre os juízes dos tribunais quando estes são incómodos para o poder vigente. São satélites do neófito autarca, ele também das melhores famílias, nem que tenham, em silêncio, de engolir talos de contraplacado por o neófito e independente autarca ter feito uma aliança com os bastardos do regime. Todas por junto, quando abrem a boca, disparatam. São próceres da sua própria inanidade.
Por isso digo que as tias deviam ser devolvidas ao recato do chá das cinco, onde as tias todas convivem e fazem converseta sobre os triviais assuntos de sempre. Deviam cuidar da família e da prole, não vão os consortes estranhar o ativismo que esbarra nos cânones e as subtrai de casa e dos afazeres sociais. As tias não deviam arregaçar as mangas e invocar uma intelectualidade que lhes é ausente. Ao abrirem a boca, sai disparate – que guardem a boca aberta para outras funções. A troça que vem depois não quadra com os pergaminhos impecáveis da casta. A máscara da casta fica reduzida a frangalhos quando as tias sobem ao palco para que não foram feitas.

Sem comentários: