13.1.15

A pergunta errada

Jungle, "Time", in https://www.youtube.com/watch?v=5ItKS8bUUTA
Tirar as medidas certas. Ao que importa. Ao que importa mesmo. Sem olhar de soslaio para as coisas centrípetas e desviar o cerne do olhar para as coisas acidentais que, por serem acidentais, não são credoras de atenção.
As perguntas vêm depois. As perguntes talhadas à medida, as mais difíceis de desembolsar do alfobre do pensamento. Aquelas que demandam respostas porventura não satisfatórias, respostas que desembainham perguntas outras a seguir. Das perguntas erradas não se espera grande fado. Às perguntas erradas, a melhor resposta é o silêncio. Ao menos, quem com silêncio a elas responde denota a inconsequência das perguntas desassisadas. Pode a lucidez não chegar para distinguir o que importa. Ou podem as capacidades ficar aquém do que se impõe para as perguntas não nascerem erróneas. Pois ninguém pode dizer que nunca fez perguntas erradas. De uma fiada, os pontos de interrogação rimam com a insinceridade da alma.
As perguntas que importam não chegam à boça de cena. São asfixiadas pela soberba das perguntas erradas. É como se houvesse uma teimosia em meter pelo caminho que desmaia num final sem saída. A encruzilhada é o maior desafio. É aquele instante em que a claridade irrompe e desanuvia as sombras que embaciam o pensamento, ou a incapacidade troa tão alto que as resoluções esbarram no desvario do erro. O mal é que, a menos que seja intencional (o que é pertença da demência), o erro não se estima em antecipação. Mede-se na posteridade dos atos, ao tomar as medidas aos seus efeitos. Só então se intui que as perguntas vieram açambarcadas pelo erro. É só então se alcança que do vértice das erradas perguntas não se podia esperar que viessem assisadas respostas. Que não se estranhe o silêncio das grandes causas (das que assim sejam entronizadas por alguma mercê) se os juízes decretarem a inutilidade das perguntas formuladas.
De resto, sobra tentativa e erro. E probabilidades (de erro, e não erro). A experiência de antanho pouco conta. Mesmo nos assuntos que não são esporádicos, e onde perguntas pretéritas desaguaram no erro, a tentativa insiste na avaliação de um erro. Aprende-se. Sem espúrios arrependimentos. E não se faz de conta que não houve erro. Assume-se, com a decência de quem renega pueris negações da realidade.

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