24.6.16

Teoria geral do ruibarbo

Sigur Rós, “Óveður”, in https://www.youtube.com/watch?v=p4rf-C_smLs
Visionários e penhores da originalidade são um bem público para a humanidade. Em momentos de rara sagacidade, quando se desabotoa um naco de pensamento singular, oferecem legados às ciências, às artes, aos comportamentos. Teorias improváveis, invenções que ajudam à medrança da humanidade, originais aglutinações de palavras que fazem avançar a literatura, ou qualquer outra forma inovadora de fazer arte, ciência, ou de estar perante o mundo.
(Não contam, nem são para aqui chamados, os fraudulentos visionários que se acham em sobredotada condição e reivindicam uma presciência em áreas do conhecimento só porque julgam que uma conjugação insólita é suficiente para ser tida como pensamento desassombrado que merece a franquia das portas do olimpo. Os bastardos que se põem diante de um espelho feito à sua medida só com o propósito de devolver uma imagem amplificada, mas falsa, de um tamanho tanto que só existe na sua pequena mente. Não contemos, pois, com os pobres que se acham ricos de pensamento só por bolçarem nacos de uma coisa inverosímil. Nem os miseráveis que se pelam por massajar uma erudição de enciclopédia momentânea, sem saberem que passam por onanistas.)
Interessam: os percursores. Os que são chamados a registar invenções. Os que determinam o avanço do conhecimento e aceitam deitar as suas teorias à prova dos nove. Os que ensaiam e recuam, ao admitirem que do ensaio não resultou coisa que valha. Os que professam uma esperança no contínuo avançar do conhecimento e se recusam a aceitar a definitividade das respostas, diligenciando perguntas que sejam propedêuticas do conhecimento reinventado. As inéditas misturas de conhecimentos, tecendo pontes entre ciências que se julgavam irremediavelmente deslaçadas. A transfiguração das impossibilidades (em depois possibilidades) – e a não capitulação perante as impossibilidades, que o podem ser apenas no momento considerado. A sede pela descoberta do desconhecido, ou pela redescoberta do quase esquecido. A ida ao dicionário, quando as palavras são neófitas ao conhecimento.
(E quem sabe o que é um ruibarbo e qual a sua serventia?)

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