13.3.17

Laboratório


The Chemical Brothers, “Another World”, in https://www.youtube.com/watch?v=fhzkeFiXfPI    
Um protesto recorrente: não podemos ser as cobaias de experiências que mais parecem a aposta na penumbra que se afoga num precipício sem fundo. Não podemos ser tratados como peões do experimentalismo, porque não sabemos ao certo estimar as consequências do que se nos aplica nessa medida. Os que congeminam o laboratório em que somos metidos, deviam ser julgados por crimes contra a humanidade. Mesmo que, depois, ao tirar as medidas às medidas cinzeladas dentro do laboratório, se observe que ficamos melhor. Os experimentalismos são devidos às cobaias que existem para o efeito. As pessoas não nasceram para as provações de cegas medidas que não se sabe ao certo o que vêm causar.
Em contraditório, a história está repleta de episódios de experimentalismo. Umas vezes, com proveito. Outras vezes, provocando danos (que chegam, no limite, a ter uma dimensão irreparável). Não se pode fechar as portas aos laboratórios. E, às vezes, não se pode usar cobaias para experimentar as medidas. Impõe-se um guião de boa vontade, um módico de confiança nos empreiteiros que se propõem observar o laboratório de que somos involuntários servidores. Sempre assim foi. Não pode deixar de ser assim. Atestar o experimentalismo como irrecusável crime contra a humanidade é como defender a inércia. As coisas deviam ser proibidas de evoluir, se só fosse ouvida a voz dos detratores dos laboratórios.
Um módico de confiança impõe-se como critério. Só em casos limite de demência se pode intuir que os mandantes do experimentalismo têm uma intenção (escondida) de causar danos aos que se sujeitam à experiência. (Ou pode dar-se o caso de, em exibição de manifesta má vontade, os que desconfiam do laboratório se limitam a deixar falar a sua incorrigível oposição aos que ordenam o experimentalismo, só por deles estarem nos antípodas.)
As experiências em laboratório são feitas em ambiente controlado. Devem ser contempladas as hipóteses para a catástrofe, que desmentem o esterilizado ambiente controlado que, no fim de contas, estava exposto a riscos. Descontadas as hipóteses de descontrolo do ambiente em que se encenam as experiências, o laboratório é um ingrediente constante. Se a mudança é genética ao lugar em que estamos e, com ela, se sobrepõem desafios em constante aceleração, às vezes as respostas exigem o experimentalismo. Pois só por dentro dos laboratórios é possível simular as condições neófitas que, por o serem, são desconhecidas dos que ambicionam a engenharia social.

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