In http://portugalimages.net/media/091112_it_smart_shop-[68184].res.jpg
(De regresso à atualidade e
outras coisas mundanas...)
Há gente que nasceu fadada
para o insucesso: o testa-de-ferro do maior partido da oposição bolça o
beicinho, que é sua imagem de marca, enquanto se desunha por parecer homem
feito de uma têmpera transmontana. (Os transmontanos têm tez rija, talvez por
causa do frio e de outras contrariedades semeadas pela geografia adversa.) O
homem, tão inseguro, dá o seu melhor. Convencerá meia dúzia de apaniguados lá
no partido, teimosos nos trejeitos que são habituais nas claques: o que o líder
diz tem digestão obrigatória e acrítica.
A personagem tem andado a
apregoar uma política diferente quando (ou se) vier a ser primeiro-ministro.
Pois há muita gente, os habituais detentores de oráculos com que profetizam capaz
análise política, que já apostaram o seu dinheiro neste cavalo – por assim
dizer. O Tozé apresenta-se em público como se estivesse nos antípodas do
governo de agora, já que muita gente anda cansada do governo e da austeridade
que tem feito o seu caminho no empobrecimento. Assim é fácil. Só é mais difícil
convencer os atentos que o partido do Tozé não tem responsabilidades no que nos
trouxe até aqui. Detalhes insignificantes para quem faz política sem memória.
Tenho de admitir três coisas:
não simpatizo com o Tozé, tenho comiseração por ele, e quando este governo for
embora não deixa saudades. Está feito o imperativo registo de interesses (como
está na moda dizer – tal como passou a estar na moda a palavra “narrativa”
depois do fantasma de Paris ter reaparecido na televisão pública a destilar a
bílis de ódio por quem lhe fez a cama e a construir uma “narrativa” que só
existe na sua autista cabecinha). Volto onde comecei: há uns aziagos que não
têm sorte na vida. Chegam ao lugar errado no momento errado. O Seguro é assim. Ele
pode esbracejar com a pose de estadista ofendido, sem nunca se desprender do
beicinho pueril; pode prometer a pés juntos que quando (ou se) for
primeiro-ministro vai bater o pé à troika e à Merkel e vai meter esta terra no
equinócio do crescimento (como se prometer milagres tivesse deixado de ser
fácil). Só que foi apanhado na dobra da curva. A troika quis reunir com ele. O
primeiro-ministro também. E o tribunal constitucional ofereceu-lhe um presente
envenenado. Tenho a impressão que quando (ou se) vier a ser primeiro-ministro,
não há de ter destino diferente do seu camarada Hollande, que era a mais
recente promessa para romper com a grotesca dominação da Alemanha e teve de
meter a cauda entre as pernas.
A partir de hoje, vão passar
a ser proibidas mil e quinhentas drogas vendidas em smartshops. Os historiadores económicos ensinam a lei de Gresham: a
má moeda expulsa a boa moeda. A lei que proíbe a venda daquelas mil e
quinhentas drogas é a refutação da lei de Gresham. Falta contrariar a lei de
Gresham que domina, teimosa, a política partidária nativa. É que os
protagonistas, como as mil e quinhentas drogas sintéticas e fajutas, não são
grande espingarda. E produzem efeitos secundários adversos na saúde da
população.
Sem comentários:
Enviar um comentário