Explosions in the Sky, “The Only Moment We Were Alone” (live at NPR Music Front Row), in https://www.youtube.com/watch?v=KLtNOY6DN-I
Rasgo o vento que morde o corpo. É como se fosse um vesúvio, espalhando partes de mim em soleiras ao acaso, sem perder a unidade. Um vesúvio, adulterando marés e ventos e luares e todo o almanaque hesterno. Sei que há estradas ajuramentadas. Outras, desenviuvadas de logros malsãos. Sei que os deuses declararam a sua inexistência, convencendo uns e outros. Na implausível surdina dos medos, escuto os versos que se jogam avulsamente. Tomo os versos em mãos. Sei que transformam as mãos em mapas. E para que servem os mapas de que sou meticuloso vigilante? Recado da gente que não é nada sem um mapa por perto: os mapas deviam valer o preço do mais valioso dos metais. Temo os versos sem mãos. A freguesia assobia diligentemente o refrão, como se os mapas se desembaraçassem dos vincos pelo simples sibilo. Os mapas fundem-se nas mãos e já não se distingue os mapas das mãos. Os mapas vêm às mãos e habilitam-nas a serem navegadoras exemplares. Ninguém se perde. Ninguém se abandona ao ilícito pesar próprio das almas trespassadas. Se houver o fundo de um poço, não serão os vultos que o habitam que impedem os mapas de se acenderem como fuga. Não serão os intempestivos sons guturais que amedrontam as paredes do medo a desabitar o lugar. Sobram sempre mapas, ou mãos, encerradas no açambarcar do verbo. Não se jogam os acasos. Não se jogam os corpos ao acaso. Assim se lembrem das mãos, de como foram caldeadas com os mapas imperadores. Agora, as mãos ascenderam à tutela do império. Não sei que nome tem o império. Não sei até que ermo lugar estende o seu domínio. Não interessa. Se quiser saber, estendo as mãos em cima de um estirador e delas tiro as extremas. Não saberei de mais nada enquanto não souber que os mapas são a transfiguração das mãos.
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