LCD Soundsystem, “Home”, in https://www.youtube.com/watch?v=53yEyj0mjfo
Do caminho centrípeto, procedem os ramais. Não é embaraço, a escolha. Só os timoratos ficam trespassados pela ataraxia omitida. Os desembaraçados não se emprestam à tergiversação. Escolhem um ramal. Ao acaso. Como podem tirar as medidas a um ramal que exige escolha se não sabem como é a sua ossatura? O ramal é a sua própria revelação. A escolha não é uma fatalidade. No ramal não há sentido único. Nas costas do viandante não há um sinal proibido a pear a inversão de sentido. E em cada ramal há outros ramais por onde seguir, uma densa árvore desenhada numa conjetura de braços estendidos na pradaria onde a cartografia se delimita. Se ao menos conseguissem ter uma vista de pássaro dessa cartografia. Mas são peões que se entregam ao sortilégio de um ramal, de vários ramais. Fazem o inventário dos ramais viandados. Esconjuram os ramais que, souberam com o benefício da lente da posteridade, não seriam demarcados na escolha. Pois há ramais que terminam em precipício. Sem aviso pressentido. Não há manual de instruções que precate os sobressaltos. Nem os incidentes inesperados, as entorses que se esperam numa avulsa esquina do tempo. Não digam que o volume de páginas do inventário é o retrato fiel dos ramais demandados. Pois há ramais sem história. Podem ser uma longa reta, a travessia de uma planície de paisagem igual. E ramais curtos de uma beleza exuberante, com uma variedade de detalhes concentrados por quilómetro quadrado que exigem depuração atenta. E não digam que há uma medida certa para atestar os ramais. Alguns preferem os ramais languidamente estendidos na paisagem, sem curvas sinuosas e alcantilados. Outros escolhem ramais acidentados que percorrem uma diversidade de paisagens num pequeno trecho de caminho. E ninguém sabe se um ramal é sempre o último ramal. O que desafia o apetite por ramais mais que possam vir ao bornal do conhecimento.
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