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Agora até estacionam sozinhos. Há que dar o nome à empresa que tirou o coelho da cartola: Mercedes. No anúncio que passa na televisão, uma senhora chega ao estacionamento, engrena a marcha-atrás e depois são os automatismos do automóvel que o metem no lugar. Sem arranhar a pintura, sem subir o passeio, sem ter de sair do lugar e ensaiar pela quinta vez a manobra. Enquanto o automóvel se estaciona a si mesmo com a precisão de um cirurgião, a senhora retoca a pintura.
Propunha lá atrás: aplaudir a Mercedes. Ou talvez seja tudo ao contrário. É que as estimadas feministas devem andar com o estômago a contorcer-se em cólicas sulfúricas: ó ignomínia, estamos no século XXI, o século em que as mulheres agendaram a discriminação positiva e hão-de fazer dos homens o sexo espezinhado, e ainda há quem viva nas catacumbas do tempo, agarrado a estereótipos ultrapassados? A Mercedes devia ter consultado o MDM e alguns cientistas sociais que riscam os contrafortes da vanguarda (e escrevem “mulheres e homens”, à boa maneira cavalheiresca). Como preço do esquecimento, a Mercedes teve o topete de esboçar um pérfido retrato da mulher que pega no volante. Ainda por cima, o estereótipo é uma falsidade. Há notícias que ensinam tudo: consta que as mulheres conduzem melhor do que os homens. A crer nas estatísticas da sinistralidade nas estradas que servem para as companhias de seguro graduarem os riscos, esta é a verdade insofismável.
O MDM e as feministas em geral, com a bênção de alguns cientistas sociais, deviam protestar contra a Mercedes. Até que a marca retirasse de circulação o anúncio. Mas só o anúncio. Que, assim como assim, um automóvel que se parqueia a si mesmo dá muito jeito a certas senhoras. Convenhamos, já que se transita por estereótipos: o anúncio destina-se às mademoiselles todas coquetes. Pois as tradicionais feministas não se deslocam ao volante de um Mercedes.
Parece que percebi por que estão silenciosas as feministas de serviço. Feminismo selectivo, essa é que é essa.
(Em Vilamoura)
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