30.8.11

O regresso do imposto da morte?


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Das duas, uma: ou o senhor presidente da república está em vias de fazer uma inversão de marcha rumo a uma esquerda qualquer, ou confirma-se que a personagem nunca me enganou e, atrás daquele véu de conservador que rima com direita, sempre esteve uma alma encantada com ideais esquerdistas.
A última descoberta opinativa de sua excelência é o resgate do imposto sucessório. Pelo caminho apresentou, naquela pose professoral que pretende garantir autoridade argumentativa, a explicação para voltarmos a ter um imposto sobre as heranças e as doações. Já vou à catedrática argumentação. Antes, um lamento: este economista engrossa a maré dos que deitam mão aos impostos quando as contas públicas sofrem um desarranjo. A criatividade é o limite para a invenção de impostos.
E qual foi o argumento para tributar as heranças e as doações? Um argumento básico: como os herdeiros não contribuem para a formação da riqueza que lhes é transmitida, tomem lá, paguem um imposto. O cobrador de impostos marca logo presença quando alguém fenece, estão ainda pesarosos com o decesso os familiares de quem partiu. E porque não houve contribuição para a formação de riqueza, isso legitima a usura fiscal. Por esta ordem de ideias, uma interrogação: e o cobrador de impostos por acaso deu algum contributo para a formação daquela riqueza?
Por este andar, fosse o imposto sucessório para a frente, os ricos e menos ricos tinham um incentivo para não formarem riqueza. Não acumulariam património nem poupanças nas mais diversas formas, pois o cobrador de impostos, qual abutre à espera de devorar parte do féretro, ia lá buscar o seu obsceno quinhão à hora da morte. Mais valia gastarem à tripa-forra – viagens sumptuárias, vestuário de luxo, restaurantes opíparos, e todos os demais consumos de ostentação que se possam imaginar. Ah, já percebi: sua excelência, o senhor presidente da república, quer que o consumo aumente para a produção ir pelo mesmo caminho. Quando se nasce keynesiano morre-se agarrado aos vícios de raciocínio keynesianos.
Lamento anunciar aos que das duas vezes se entusiasmaram com a candidatura do cidadão Cavaco à presidência da república: ainda não foi desta que a direita pôs um dos seus no Palácio de Belém.

2 comentários:

Sérgio Lira disse...

Assino por baixo, Paulo. Essas exacções fiscais são um pornográfico convite à economia subterrânea, ao dinheiro debaixo do colchão, ao gasto estapafúrdio e à colocação da riqueza labutada ao longo da vida a salvo, longe dos tais abutres e quejandos rapaces. O nosso Presidente, infelizmente, não acerta uma. Ainda bem que não votei nele.

PVM disse...

Sérgio: dizem as más línguas, é do Alzheimer...