Imploding Stars, “Demise”, in https://www.youtube.com/watch?v=LBoiZbmeGe8
Da estratificação dos conceitos, em manobra gourmet– e, portanto, deliciosamente sedutora para os cânones intelectuais – de reconfiguração dos sentidos. Dirás, compungida e resignada, que o plano B é o plano possível. Dirás que lamentas não ter sido possível diluir os imponderáveis que travaram o plano A. Contristada, aceitas o que o plano B traz a teu cargo. Sem grande excitação. Dirás, em jeito de remate, que é natureza das coisas, e somos de uma matéria que nos coloca no precipício da eterna insatisfação. Contraponho: as luzes visíveis açambarcam a lucidez necessária para tudo sopesar. Não podes lamentar a impossibilidade do plano A e a capitulação perante o plano B apenas porque a ordem alfabética admite uma precedência. Nem o podes fazer porque não tens os dotes do contrafactual: como poderás garantir que o plano A seria mesmo o plano A se não chegaste a experimentá-lo, a sentir os seus resultados? Ao contrário do que pensas (em jeito de lamentação), não colhe a angústia pela remissão ao plano B. Se quiseres considerar mais variáveis, começarias por interrogar se as impossibilidades são dadas como tal, ou se não passa de uma defesa contra a possibilidade de as impossibilidades se confirmarem? Tecendo o plano A como pertencendo ao domínio das impossibilidades (e a dares por adquirido que as impossibilidades se demonstram a si mesmas), o plano A nunca o chegou a ser. E não conta invocares que ele foi concebido com esmero no estirador das hipóteses, pois sobre ele lançaste, à partida, o anátema das impossibilidades. O plano B não é o eco da resignação. Não é um plano menor, nem merece ser apoucado porque o tens como contingência. O plano B é o autêntico plano A. Se continuares arreigada à dicotomia “possibilidade-impossibilidade” (o que merece outra conversa, prometida para outras núpcias), só te sobra o entendimento de que o plano B foi promovido à categoria de plano A. E tudo se reconcilia por dentro de ti.
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