In http://fairystyle.files.wordpress.com/2011/10/jarras-com-tulipas.jpeg
Um molho de tulipas à mão de
semear. E pomo-las todas dentro da mesma jarra? Não as dividimos por jarras
diferentes, por sua vez as jarras depostas em compartimentos diferentes da
casa? Não obedecemos a um critério qualquer para esportular as flores nas
diferentes jarras – a cor, o tamanho, ou nenhum critério, que acaba por ser um
critério também? E se for a cor: temos de meter as tulipas da mesma cor todas
dentro da mesma jarra e no mesmo compartimento?
Ali atrás, interrogações a
propósito de generalizações. Quando elas vêm abraçadas ao pensamento que
entroniza simples palpites na vez de verdades irrefutáveis sem solo para ser
seu alicerce, dá numa forma de pensamento único e totalitário. Há de tudo um
pouco. Em assuntos variáveis. De quadrantes diferentes. Há dias, um professor
universitário das ciências da educação transbordou da ciência que é seu saber e
decretou imperativos categóricos sobre economia. Sem perder de vista que a
economia é política, foi por ali fora que nem um tufão arrasando tudo o que se
interpusesse entre o caminho e a embaciada justiça social que, a seu ver, nunca
foi tão maltratada. A culpa é de uma súcia de economistas que aprenderam a
cartilha de Milton Friedman (“escola de Chicago”). Os que ensinam economia de
acordo com estes cânones são vendilhões ao serviço do capital financeiro
abjetamente especulativo. Hipotecaram a alma à ganância do lucro. São
intérpretes de uma sinfonia que apenas cuida dos lucros das grandes empresas. E
são insensíveis à miséria, caucionando, com o que ensinam, o empobrecimento
intencional que não destoa da austeridade em curso.
Estando ao seu lado, e mesmo
não simpatizando com a “escola de Chicago” (um radical de direita não faz esse
obséquio), pus-me a pensar se teria o topete de meter o pé numa praia que não é
minha. De ciências da educação prefiro não opinar para não cair em ridículo, em
delas nada sabendo. De todos sofismas ali soprados com raiva, não valia a pena
rebater as questões substantivas. Como não estava entre pares, a discussão, se
a houvesse, era caminho de sentido único. Preferi adoçar o pensamento com o que
pode levar alguém à tremenda propensão para a generalização. Talvez seja pueril
esta forma de pensar que acantona os bons de um lado e todos os pérfidos do
lado contrário. O mundo é complexo de mais para ser tratado desta maneira
binária.
O que traz um sorriso ao
canto da boca é a ideia feita de que “estes economistas” são uns malvados que
se venderam aos poderosos interesses da finança. Sob o mesmo casaco, são
professores e consultores de empresas; alguns até participam na gestão de
grandes empresas que espezinham os trabalhadores numa opressão que, diz-se por
aí, só tem comparação com o tempo do “fascismo”. Não sei como estes arautos da
verdade, os novos paladinos dos desfavorecidos, explicam que haja quem ensina e
não faça mais nada na vida além de ensinar. Como explicam a sua generalização,
os ditos paladinos da justiça social, se estes ensinadores não têm grandes
empresas ou financeiros especuladores na sua folha de pagamentos?
Nesta altura, em jeito de
contraditório, adivinho os justiceiros a ensaiarem uma das suas maiores
especialidades: a conspiração. Para certificarem que os tais professores devem
fazer parte da folha de salários oculta das malévolas grandes empresas.
Rematando com um categórico “só pode ser”.
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