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Vamos ver se percebi a ordem
das coisas: os jovens tinham exames escolares marcados há meses; os sindicatos agendaram
greve no primeiro dia dos exames; os sindicatos “exigiriam” que o governo mudasse
a data dos exames (e, honestamente, não percebo como o fizeram; ora, uma greve
fora do dia dos exames não prejudica tanta gente); o governo manteve a data dos
exames e é acusado de autismo; para a greve ser como deve, professores que
queriam ir trabalhar foram sujeitos ao opróbrio da traição “à classe”; alguns
meninos, devidamente instrumentalizados, interromperam os exames dos colegas
que se conseguiram sentar numa carteira para debitar conhecimentos; no fim do
percurso, os sindicatos (e alguns pândegos a fazerem o papel de patetas
alegres) acusam o governo de autoritarismo.
Talvez seja eu a não entender
sequer um pouco das coisas à minha volta. Talvez os sindicatos se achem governo
e o governo devia dizer ámen a tudo o que os sindicatos põem em cima da mesa. Talvez
já não faça sentido ensinar aos pequenos que a sua liberdade termina logo que
sejam intrusos na liberdade dos outros. Talvez já tenha perdido sentido
dizer-lhes que anarquia não é o que eles pensam que é (pois na anarquia as
liberdades dos outros são honradas). Talvez os tempos sejam da pós-modernidade
que o sociólogo coimbrão insiste em ensinar contra as marés que ele acha
insidiosas, e as minorias se sobreponham aos que, até ver, ainda representam
uma maioria. Talvez os alunos devessem criar sindicatos, já que ninguém os
protege contra o egoísmo dos professores. Talvez os sindicatos dos alunos devessem
formar contra piquetes de greve, tocando às campainhas das casas dos
professores grevistas e levando-os de escolta até às escolas para que os
conhecimentos dos alunos pudessem ser avaliados (assim como assim, era o seu
direito à avaliação – e o respeito pela pressão psicológica que sofrem nestas
alturas – a pôr-se mais alto que o direito à greve dos professores). E talvez
já seja descabido falar do totalitarismo dos sindicatos que sequestram
inocentes sacrificados no altar dos seus interesses de casta.
O que conta são os patetas
alegres que desembrulham a sua insigne autoridade intelectual e asseguram que
as coisas são o contrário do que parecem ser. E se estes patetas são alegres,
não menos alegres são os que se recusam a sê-lo (patetas).
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