18.6.13

Os patetas são sempre alegres


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Vamos ver se percebi a ordem das coisas: os jovens tinham exames escolares marcados há meses; os sindicatos agendaram greve no primeiro dia dos exames; os sindicatos “exigiriam” que o governo mudasse a data dos exames (e, honestamente, não percebo como o fizeram; ora, uma greve fora do dia dos exames não prejudica tanta gente); o governo manteve a data dos exames e é acusado de autismo; para a greve ser como deve, professores que queriam ir trabalhar foram sujeitos ao opróbrio da traição “à classe”; alguns meninos, devidamente instrumentalizados, interromperam os exames dos colegas que se conseguiram sentar numa carteira para debitar conhecimentos; no fim do percurso, os sindicatos (e alguns pândegos a fazerem o papel de patetas alegres) acusam o governo de autoritarismo.
Talvez seja eu a não entender sequer um pouco das coisas à minha volta. Talvez os sindicatos se achem governo e o governo devia dizer ámen a tudo o que os sindicatos põem em cima da mesa. Talvez já não faça sentido ensinar aos pequenos que a sua liberdade termina logo que sejam intrusos na liberdade dos outros. Talvez já tenha perdido sentido dizer-lhes que anarquia não é o que eles pensam que é (pois na anarquia as liberdades dos outros são honradas). Talvez os tempos sejam da pós-modernidade que o sociólogo coimbrão insiste em ensinar contra as marés que ele acha insidiosas, e as minorias se sobreponham aos que, até ver, ainda representam uma maioria. Talvez os alunos devessem criar sindicatos, já que ninguém os protege contra o egoísmo dos professores. Talvez os sindicatos dos alunos devessem formar contra piquetes de greve, tocando às campainhas das casas dos professores grevistas e levando-os de escolta até às escolas para que os conhecimentos dos alunos pudessem ser avaliados (assim como assim, era o seu direito à avaliação – e o respeito pela pressão psicológica que sofrem nestas alturas – a pôr-se mais alto que o direito à greve dos professores). E talvez já seja descabido falar do totalitarismo dos sindicatos que sequestram inocentes sacrificados no altar dos seus interesses de casta.
O que conta são os patetas alegres que desembrulham a sua insigne autoridade intelectual e asseguram que as coisas são o contrário do que parecem ser. E se estes patetas são alegres, não menos alegres são os que se recusam a sê-lo (patetas).

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