No passado convencionou-se que os temas sociais eram a principal linha fracturante entre “esquerda” e “direita”. Só a “esquerda” teria consciência social, ao passo que a “direita” seria insensível a problemas como a pobreza, a injustiça na repartição da riqueza, o desemprego.
Com a passagem do tempo tem-se notado uma osmose de causas entre “esquerda” e “direita”. Tem-se notado uma aproximação recíproca, bebendo inspiração em causas que não eram seus estandartes tradicionais. A “esquerda” começou a reconhecer a inevitabilidade do mercado. A “direita” domesticou-se pela assunção de causas que corporizam um certo sentir social. As franjas extremistas de ambos os lados da barricada continuam imunes a esta transformação, fiéis às causas de sempre e presas à retórica que não muda.
A assunção de causas que não faziam parte do seu património genético está na origem de novas correntes que consideram ultrapassado o binómio “esquerda-direita”. Já não faz sentido falar em “esquerda” e em “direita”, tal a transversalidade de causas que atravessa ambas as correntes. Mesmo assim, as esquerdas arrogam-se ao papel de donas legítimas e exclusivas da luta contra a pobreza. São elas que aparecem na linha da frente contra a exclusão social, contra o desemprego, apresentando propostas que visam uma mais justa repartição da riqueza. O odioso da questão é atirado para cima da “direita” e do funcionamento do mercado.
É bom parar um momento e pensar: a quem aproveita a existência de pobreza e de injustiça social? Na resposta vou aceitar a divisão ancestral entre “esquerda” e “direita”, utilizando-as como categorias operativas. Não me parece que a pobreza acentuada e as gritantes assimetrias de riqueza sejam do interesse da “direita”. Por uma questão de simples lógica: quanto maior for a fractura entre os poucos que detêm riqueza e os muitos que estão mergulhados em situações de carência, mais a “direita”, como responsável por este cenário, terá a perder. Maior será a mobilização contra a “direita” e a “esquerda” será ganhadora.
Querendo exibir-se como defensora dos perseguidos pela injustiça social, a “esquerda” vive da pobreza e das desigualdades de riqueza. Aliás, ela precisa da pobreza e da injustiça social como do pão para a boca. São o seu balão de oxigénio. Se o mundo fosse o lugar idílico que a “esquerda” e certos sonhadores gostariam que fosse – sem pobreza, sem grandes desigualdades na repartição da riqueza – o que seria da “esquerda”? Perderia a sua principal bandeira, que cativa tantos apoios entre todos aqueles que vêm em situações de injustiça social um móbil de filiação política. O que me leva a concluir que a “esquerda” é a maior interessada na permanência de pobreza, na continuidade da injustiça social. Sem elas, a “esquerda” perde a razão de ser.
A “direita” tem a sua culpa nesta situação. Sentindo a necessidade em corporizar uma certa sensibilidade social, a “direita” deixou-se encantar pelo fenómeno da engenharia social que é tão caro à “esquerda”. A própria “direita” foi envolvida pelos modelos sofisticados de engenharia social que fazem do Estado a cura milagrosa para erradicar a pobreza e diminuir a injustiça social. Ignorando os efeitos negativos desta intervenção estatal. A intrusão na propriedade privada (através de impostos penalizantes da produção de riqueza e de outros mecanismos que pretendem tirar aos ricos para dar aos pobres) gera um efeito nefasto. Os ricos tentam fugir ao máximo, seja com a localização dos seus activos noutros países que sejam menos penalizadores, seja pela própria evasão fiscal.
Sem recursos é impossível pôr em marcha a política social activa que é tão grata à “esquerda” e à “direita” que se deixou inebriar pelas causas sociais. O resultado final é conhecido. Em vez do intervencionismo estatal contribuir para a diminuição da pobreza e da injustiça social, o mais que consegue é penalizar a produção de riqueza que é indispensável para que, mais tarde, os mais pobres saiam das difíceis situações em que se encontram.
É por isso incompreensível que ontem, a propósito da reacção das forças sociais à nomeação de Bagão Félix para ministro das finanças, o testa-de-ferro comunista na CGTP (Carvalho da Silva) tenha ilustrado, como exemplo negativo, o facto de na União Europeia os milionários terem crescido 2% enquanto em Portugal cresceram 4%. Qual é o mal desta situação? Não é a riqueza que vem alimentar, a prazo, mais rendimentos para os mais desfavorecidos?
Com a passagem do tempo tem-se notado uma osmose de causas entre “esquerda” e “direita”. Tem-se notado uma aproximação recíproca, bebendo inspiração em causas que não eram seus estandartes tradicionais. A “esquerda” começou a reconhecer a inevitabilidade do mercado. A “direita” domesticou-se pela assunção de causas que corporizam um certo sentir social. As franjas extremistas de ambos os lados da barricada continuam imunes a esta transformação, fiéis às causas de sempre e presas à retórica que não muda.
A assunção de causas que não faziam parte do seu património genético está na origem de novas correntes que consideram ultrapassado o binómio “esquerda-direita”. Já não faz sentido falar em “esquerda” e em “direita”, tal a transversalidade de causas que atravessa ambas as correntes. Mesmo assim, as esquerdas arrogam-se ao papel de donas legítimas e exclusivas da luta contra a pobreza. São elas que aparecem na linha da frente contra a exclusão social, contra o desemprego, apresentando propostas que visam uma mais justa repartição da riqueza. O odioso da questão é atirado para cima da “direita” e do funcionamento do mercado.
É bom parar um momento e pensar: a quem aproveita a existência de pobreza e de injustiça social? Na resposta vou aceitar a divisão ancestral entre “esquerda” e “direita”, utilizando-as como categorias operativas. Não me parece que a pobreza acentuada e as gritantes assimetrias de riqueza sejam do interesse da “direita”. Por uma questão de simples lógica: quanto maior for a fractura entre os poucos que detêm riqueza e os muitos que estão mergulhados em situações de carência, mais a “direita”, como responsável por este cenário, terá a perder. Maior será a mobilização contra a “direita” e a “esquerda” será ganhadora.
Querendo exibir-se como defensora dos perseguidos pela injustiça social, a “esquerda” vive da pobreza e das desigualdades de riqueza. Aliás, ela precisa da pobreza e da injustiça social como do pão para a boca. São o seu balão de oxigénio. Se o mundo fosse o lugar idílico que a “esquerda” e certos sonhadores gostariam que fosse – sem pobreza, sem grandes desigualdades na repartição da riqueza – o que seria da “esquerda”? Perderia a sua principal bandeira, que cativa tantos apoios entre todos aqueles que vêm em situações de injustiça social um móbil de filiação política. O que me leva a concluir que a “esquerda” é a maior interessada na permanência de pobreza, na continuidade da injustiça social. Sem elas, a “esquerda” perde a razão de ser.
A “direita” tem a sua culpa nesta situação. Sentindo a necessidade em corporizar uma certa sensibilidade social, a “direita” deixou-se encantar pelo fenómeno da engenharia social que é tão caro à “esquerda”. A própria “direita” foi envolvida pelos modelos sofisticados de engenharia social que fazem do Estado a cura milagrosa para erradicar a pobreza e diminuir a injustiça social. Ignorando os efeitos negativos desta intervenção estatal. A intrusão na propriedade privada (através de impostos penalizantes da produção de riqueza e de outros mecanismos que pretendem tirar aos ricos para dar aos pobres) gera um efeito nefasto. Os ricos tentam fugir ao máximo, seja com a localização dos seus activos noutros países que sejam menos penalizadores, seja pela própria evasão fiscal.
Sem recursos é impossível pôr em marcha a política social activa que é tão grata à “esquerda” e à “direita” que se deixou inebriar pelas causas sociais. O resultado final é conhecido. Em vez do intervencionismo estatal contribuir para a diminuição da pobreza e da injustiça social, o mais que consegue é penalizar a produção de riqueza que é indispensável para que, mais tarde, os mais pobres saiam das difíceis situações em que se encontram.
É por isso incompreensível que ontem, a propósito da reacção das forças sociais à nomeação de Bagão Félix para ministro das finanças, o testa-de-ferro comunista na CGTP (Carvalho da Silva) tenha ilustrado, como exemplo negativo, o facto de na União Europeia os milionários terem crescido 2% enquanto em Portugal cresceram 4%. Qual é o mal desta situação? Não é a riqueza que vem alimentar, a prazo, mais rendimentos para os mais desfavorecidos?
A demagogia não tem limites!
1 comentário:
Caro felino
deves saber que numa base de capitalismo convencional a distribuição de riqueza obedece aos parametros de Pareto ( 20- 80 ) e sempre foi essa a distribuição que todos aceitávamos por bem em todas as sociedades capitalistas ( dito mundo ocidental).
Com o advento da expansão desenfreada do capitalismo após o boom dos anos oitenta, após a globalização a corporativização global através da multinacionais e após a tomada do poder dos neo liberais em todo o mundo ocidental chegamos a desigualdades exageradas frutas de uma capitalismo voraz e que irá destruir-se a si próprio.
A distribuiç~~ao de riqueza nos EUA é próxima dos ( 5-95) ou seja 5% da população detem cerca de 95% da riqueza!!!!!!!!!??????
E mais........cerca de 150 000 pessoas controlam directa ou indirectamente 2 mil bilioes de US$ sendo o produto de 7!!!!!!!
No paraiso da abundancia 15 milhoes de pessoas acordam sem saber o que comer no próprio dia.Os sem abrigo ultrapassam 8 milhoes, quase a população de Portugal; O maior empregador dos EUA ( Wall Mart) com 4 , sim 4 milhoes de empregados, não paga segurança social,não dá seguros de saude e tem uma politica social nula.........
Este é o resultado de um neoliberalismo desenfreado e sem regras que acredita que uma mão invisivel organizará toda a sociedade.
A regulação o controle e a regulação tem de vir da esfera publica.A redistribuição da riqueza tem de ser feita por uma politica fiscal acertiva e posterior acção social equilibradora.
Bem por hoje já me alonguei.Quero dizer que o teu artigo de hoje é demagógico, simplista e além de tudo deixou-me desiludido contigo.
Podemos falar de direita se quiseres, podes tentar teorizar o neo liberalismo ( que irás buscar ? Keynes? ) , podemos falar do advento da Nova cultura que já é passado , mas acabaremos sempre por falar do unico teórico que à 150 anos escreveu e teorisou tudo isto- Karl Marx- o unico que explicou o capitalismo, o neo liberalismo e a globalização.
Quanto aos Yogurtes, terás de olhar mais ao teu redor para entenderes e perceberes . A cultura académica é importante mas o dia a dia também; quando fores obrigado a viver o dia dia com o filho que aí vem entenderás outras coisas que não adianta agora expicar-te.
O meu anonimato é o mesmo que o teu.Sabes o meu mail e eu sei o teu
Carter é o meu nome real, presumo que felino não seja o teu.Não te conheço pessoalmente.
Um abraço
Carter
PS: Não tenho o dom da escrita como tu tens e tento apenas exprimir o que sinto e penso....
às vezes tenho de ser rápido.Agora tenho as minhas duas filhas na banheira a clamarem pela minha presença
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