Versão 1: a velhinha inebriada com a quadra pelo sentido familiar que ela contém
A vidinha alegra-se quando as ruas se ornamentam com as iluminações de natal. Toda aquela luz é um mágico raio que penetra nos corações das pessoas. Perdem a maldade dos outros meses do ano. As iluminações de natal perfumam um outro sentido à vida. Já pressinto a magia da quadra, entusiasmada com o ritual que me encerra horas a fio na cozinha na preparação das iguarias que toda a família degusta com prazer. As iluminações são o aviso para todos nos dispormos para o natal em família. Sem elas, as pessoas estariam desprevenidas para o natal. Pelas iluminações, fazemos o estágio que põe o espírito de salmoura para a festa do natal. Fazem a depuração das más influências que nos dominam nos outros meses do ano.
A vidinha alegra-se quando as ruas se ornamentam com as iluminações de natal. Toda aquela luz é um mágico raio que penetra nos corações das pessoas. Perdem a maldade dos outros meses do ano. As iluminações de natal perfumam um outro sentido à vida. Já pressinto a magia da quadra, entusiasmada com o ritual que me encerra horas a fio na cozinha na preparação das iguarias que toda a família degusta com prazer. As iluminações são o aviso para todos nos dispormos para o natal em família. Sem elas, as pessoas estariam desprevenidas para o natal. Pelas iluminações, fazemos o estágio que põe o espírito de salmoura para a festa do natal. Fazem a depuração das más influências que nos dominam nos outros meses do ano.
Versão 2: o grunho satânico de uma banda de heavy metal
O natal é uma falácia. Não é o que se conta às criancinhas. É um simulacro. O natal está apoderado pelo demónio, que por estes dias aparece travestido de figura repleta de bonomia. As luzes são um farol do fogo que arde no inferno, desse fogo onde todos os mortais se vão incensar quando disserem adeus à vida. Não há muito a dizer do natal. Uma época para esquecer. As pessoas fazem de conta que são boas. O natal é só uma máscara sazonal que tinge o mundo com uma fuligem sardónica, com as pessoas no papel de actores daquilo que não são. As iluminações de natal são o código da transfiguração. Sem que se perceba que a transfiguração não desprende as pessoas da maldade que actua todos os dias.
O natal é uma falácia. Não é o que se conta às criancinhas. É um simulacro. O natal está apoderado pelo demónio, que por estes dias aparece travestido de figura repleta de bonomia. As luzes são um farol do fogo que arde no inferno, desse fogo onde todos os mortais se vão incensar quando disserem adeus à vida. Não há muito a dizer do natal. Uma época para esquecer. As pessoas fazem de conta que são boas. O natal é só uma máscara sazonal que tinge o mundo com uma fuligem sardónica, com as pessoas no papel de actores daquilo que não são. As iluminações de natal são o código da transfiguração. Sem que se perceba que a transfiguração não desprende as pessoas da maldade que actua todos os dias.
Versão 3: a criancinha consumista que espera ansiosamente as prendas junto à árvore de natal
Eu não sei o que é um calendário. Os meus pais dizem que tem doze meses, que há quatro estações, que os dias crescem entre o começo do Inverno e o começo do Verão e minguam ao contrário. Do calendário só conheço dois dias: quando faço anos e o 24 de Dezembro que me traz muitas prendas. Como ando desatento ao calendário, sei que o natal está quase a chegar quando ando pelas ruas e as vejo com iluminações especiais. As lâmpadas em cima das nossas cabeças dizem que estamos quase lá, no natal. Com as lâmpadas escreve-se “feliz natal”, para que todos saibam que chegou o momento de ir às lojas e comprar, comprar muito para dar felicidade às crianças. Eu gosto quando as ruas se enchem da luz do natal. Até deixo de fazer diabruras, não vá o saco de prendas ficar pequenino só para me castigar.
Eu não sei o que é um calendário. Os meus pais dizem que tem doze meses, que há quatro estações, que os dias crescem entre o começo do Inverno e o começo do Verão e minguam ao contrário. Do calendário só conheço dois dias: quando faço anos e o 24 de Dezembro que me traz muitas prendas. Como ando desatento ao calendário, sei que o natal está quase a chegar quando ando pelas ruas e as vejo com iluminações especiais. As lâmpadas em cima das nossas cabeças dizem que estamos quase lá, no natal. Com as lâmpadas escreve-se “feliz natal”, para que todos saibam que chegou o momento de ir às lojas e comprar, comprar muito para dar felicidade às crianças. Eu gosto quando as ruas se enchem da luz do natal. Até deixo de fazer diabruras, não vá o saco de prendas ficar pequenino só para me castigar.
Versão 4: o militante anti-globalização
Toda a gente sabe que as iluminações de natal marcam o conluio entre os comerciantes e os autarcas. Para empurrar para as lojas a manada acéfala e embriagada com o consumismo. As iluminações de natal sinalizam a quadra dominada pelo capitalismo selvagem. Os psicólogos têm a explicação para o fenómeno: quando as pessoas andam pelas ruas debruadas com as iluminações natalícias, querem comprar. E quando vão comprar acabam sempre por comprar muito mais. Os comerciantes e as grandes marcas das pérfidas multinacionais esfregam as mãos de contentamento. É só contabilizar os lucros que os engordam, enquanto as pessoas se entregam nos prazeres materiais e perdem o norte da essência humana. Este é um natal com muita luz, mas uma luz artificial, que vem das lâmpadas que custam dinheiro supérfluo. Um natal que, tal como a luz, é uma coisa artificial. A culpa é do capitalismo. Desapega as pessoas do seu lado humano, fazendo delas autómatos que comprazem os gananciosos capitalistas. Não sei se seria de proibir o natal.
Toda a gente sabe que as iluminações de natal marcam o conluio entre os comerciantes e os autarcas. Para empurrar para as lojas a manada acéfala e embriagada com o consumismo. As iluminações de natal sinalizam a quadra dominada pelo capitalismo selvagem. Os psicólogos têm a explicação para o fenómeno: quando as pessoas andam pelas ruas debruadas com as iluminações natalícias, querem comprar. E quando vão comprar acabam sempre por comprar muito mais. Os comerciantes e as grandes marcas das pérfidas multinacionais esfregam as mãos de contentamento. É só contabilizar os lucros que os engordam, enquanto as pessoas se entregam nos prazeres materiais e perdem o norte da essência humana. Este é um natal com muita luz, mas uma luz artificial, que vem das lâmpadas que custam dinheiro supérfluo. Um natal que, tal como a luz, é uma coisa artificial. A culpa é do capitalismo. Desapega as pessoas do seu lado humano, fazendo delas autómatos que comprazem os gananciosos capitalistas. Não sei se seria de proibir o natal.
Versão 5: o comerciante
Com o natal ganho num mês mais do que nos outros onze somados. Aquilo que vendo faz a felicidade das pessoas que vivem o natal através da troca de prendas. Quero lá saber que o padre da paróquia apele aos sentimentos cristãos: que façamos do natal uma época de menos entrega aos valores materiais e de mais partilha de sentimentos com os entes queridos, diz ele. Suspeito que é cultor da teologia da libertação que faz furor lá pela América Latina. Não me convence: o negócio fala mais alto. Tenho que ser pragmático. Limito-me a contribuir para que as pessoas vivam o natal como gostam, a trocar muitas prendas. Em tempos li que os psicólogos têm uma teoria para os comportamentos pavlovianos das pessoas. Com iluminações alusivas à quadra, estão mais dispostas a abrir os cordões à bolsa. Por isso é que a nossa associação consegue convencer o presidente da câmara a enterrar rios de dinheiro nas iluminações natalícias. O edil sabe que tem que fazer os habitantes felizes.
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