A Europa vive em crise demográfica. Fabricamos poucos filhos. Como é maior a esperança de vida, encaminhamo-nos para sociedades envelhecidas. Antecipam-se nuvens negras sobre a segurança social por carência de rejuvenescimento da população, o que pode hipotecar pensões e reformas dos que agora fazem os seus descontos. Daí que a promoção da natalidade seja uma das prioridades dos países europeus, independentemente da filiação ideológica dos governos. A alternativa parece pouco confortável a uma Europa que ainda desconfia da multiculturalidade: seria a abertura de portas à emigração, sem os fantasmas que misturam etnocentrismo e xenofobia.
Perante a exigência da promoção da natalidade, estaria muito desconfortável na pele de um socialista com responsabilidades no governo – um daqueles engenheiros sociais que têm na ponta da batuta soluções mágicas para todos os males, por força de decreto. Dizem-se os socialistas penhores da liberdade – não da liberdade individual apanágio dos liberais, que essa é uma liberdade excessiva, perigosa, que desmerece a intervenção milagrosa dos engenheiros sociais. Dizem-se ainda sacerdotes da modernidade, pelo que afiançam formas hedónicas de vida que vingam sobretudo nos meios urbanos e intelectuais. As vanguardas. Que têm o desassombro de confessar que constituir prole não está entre os seus objectivos de vida. Para um socialista modernaço, deve ser difícil torcer a coluna vertebral e congeminar uma política que incentive a natalidade.
É do outro lado da barricada que se situam os sectores a quem é mais fácil defender estímulos à fecundidade. É mais entre os democratas-cristãos e os conservadores que políticas de promoção à natalidade se acolhem com naturalidade. Por oposição ao hedonismo egoísta que desprezam. Por influência da doutrina católica que teima em conservar os rudimentos de uma moral castradora que se atemoriza perante a sexualidade. Contudo, os socialistas não podem fechar os olhos ao problema demográfico que aflige a Europa. São tomados pelo pragmatismo que os leva a fazer tábua rasa de alguma da retórica que cativa a simpatia de elites que, por sua vez, trazem atrelado o resto da populaça, por contágio. O pragmatismo levará os socialistas a empunhar uma bandeira que sempre foi da dantesca direita: uma política de apoio às famílias numerosas.
No esforço vão para dar um contributo para a governação socialista tão messiânica, avanço daqui algumas sugestões para a seita se desenvencilhar do dilema da natalidade. Primeira constatação: a Opus Dei terá razão quando aconselha os seus a praticarem sexo apenas para fins de reprodução da espécie. As mulheres devem ser, como no passado, uma espécie de galinhas poedeiras: dar à luz uma chusma de crianças, para se repor a sociedade rejuvenescida. Como a necessidade aguça o engenho, as elites que cultivam o hedonismo e desvalorizam a multiplicação da prole devem ser convencidas do imperativo social do seu contributo para uma causa que é colectiva. Assim como assim, essas elites não se cansam de apregoar a predominância do colectivo sobre o individual; devem, pois, afinar o discurso com a prática que resulta dos seus actos.
A segunda sugestão é do agrado da fobia regulamentadora tão cara aos socialistas: se os contraceptivos são obstáculo ao aumento da natalidade, regulamente-se a sua venda. Que interessa que isso represente um recuo na política de contracepção? Impõe-se, como prioridade das prioridades, o aumento da natalidade. Pelo que será legítimo impor limitações ao uso de contraceptivos. Aliás, esta medida terá um atractivo suplementar para os socialistas: em vez de proibir (que seria excessivo), restrições quantitativas sobre a utilização de contraceptivos. Seria necessário cadastrar os adultos e controlar a quantidade de contraceptivos que usam ao longo de um mês, de um ano, de uma vida. Seria uma medida atractiva: os socialistas adoram tudo o que signifique uma intrusão na vida dos cidadãos.
Há sempre a alternativa que os companheiros socialistas que governam a Espanha tiraram da cartola: por cada filho além do primogénito o casal recebe um subsídio de quinhentos euros. É só uma questão de fazer contas, puxar os cordelinhos da engenharia financeira para não beliscar a sustentabilidade das finanças públicas. A medida comporta um mar de vantagens. O povo ignaro, de vistas curtas, seduzido pela nota de quinhentos, vai desatar a procriar incessantemente. Os progenitores, cegados pela cintilante nota de quinhentos, hão-de penhoradamente agradecer, perpetuando a seita socialista no poder. Além de que é uma aposta no futuro: estes papás hão-de contar à abundante prole que a sua existência se deve à magnânima medida dos socialistas. Logo, mais potenciais eleitores futuros a engrossar a maré socialista.
E com um tiro abatem-se dois pássaros: o da natalidade e o da perpetuação socialista no poder.
Perante a exigência da promoção da natalidade, estaria muito desconfortável na pele de um socialista com responsabilidades no governo – um daqueles engenheiros sociais que têm na ponta da batuta soluções mágicas para todos os males, por força de decreto. Dizem-se os socialistas penhores da liberdade – não da liberdade individual apanágio dos liberais, que essa é uma liberdade excessiva, perigosa, que desmerece a intervenção milagrosa dos engenheiros sociais. Dizem-se ainda sacerdotes da modernidade, pelo que afiançam formas hedónicas de vida que vingam sobretudo nos meios urbanos e intelectuais. As vanguardas. Que têm o desassombro de confessar que constituir prole não está entre os seus objectivos de vida. Para um socialista modernaço, deve ser difícil torcer a coluna vertebral e congeminar uma política que incentive a natalidade.
É do outro lado da barricada que se situam os sectores a quem é mais fácil defender estímulos à fecundidade. É mais entre os democratas-cristãos e os conservadores que políticas de promoção à natalidade se acolhem com naturalidade. Por oposição ao hedonismo egoísta que desprezam. Por influência da doutrina católica que teima em conservar os rudimentos de uma moral castradora que se atemoriza perante a sexualidade. Contudo, os socialistas não podem fechar os olhos ao problema demográfico que aflige a Europa. São tomados pelo pragmatismo que os leva a fazer tábua rasa de alguma da retórica que cativa a simpatia de elites que, por sua vez, trazem atrelado o resto da populaça, por contágio. O pragmatismo levará os socialistas a empunhar uma bandeira que sempre foi da dantesca direita: uma política de apoio às famílias numerosas.
No esforço vão para dar um contributo para a governação socialista tão messiânica, avanço daqui algumas sugestões para a seita se desenvencilhar do dilema da natalidade. Primeira constatação: a Opus Dei terá razão quando aconselha os seus a praticarem sexo apenas para fins de reprodução da espécie. As mulheres devem ser, como no passado, uma espécie de galinhas poedeiras: dar à luz uma chusma de crianças, para se repor a sociedade rejuvenescida. Como a necessidade aguça o engenho, as elites que cultivam o hedonismo e desvalorizam a multiplicação da prole devem ser convencidas do imperativo social do seu contributo para uma causa que é colectiva. Assim como assim, essas elites não se cansam de apregoar a predominância do colectivo sobre o individual; devem, pois, afinar o discurso com a prática que resulta dos seus actos.
A segunda sugestão é do agrado da fobia regulamentadora tão cara aos socialistas: se os contraceptivos são obstáculo ao aumento da natalidade, regulamente-se a sua venda. Que interessa que isso represente um recuo na política de contracepção? Impõe-se, como prioridade das prioridades, o aumento da natalidade. Pelo que será legítimo impor limitações ao uso de contraceptivos. Aliás, esta medida terá um atractivo suplementar para os socialistas: em vez de proibir (que seria excessivo), restrições quantitativas sobre a utilização de contraceptivos. Seria necessário cadastrar os adultos e controlar a quantidade de contraceptivos que usam ao longo de um mês, de um ano, de uma vida. Seria uma medida atractiva: os socialistas adoram tudo o que signifique uma intrusão na vida dos cidadãos.
Há sempre a alternativa que os companheiros socialistas que governam a Espanha tiraram da cartola: por cada filho além do primogénito o casal recebe um subsídio de quinhentos euros. É só uma questão de fazer contas, puxar os cordelinhos da engenharia financeira para não beliscar a sustentabilidade das finanças públicas. A medida comporta um mar de vantagens. O povo ignaro, de vistas curtas, seduzido pela nota de quinhentos, vai desatar a procriar incessantemente. Os progenitores, cegados pela cintilante nota de quinhentos, hão-de penhoradamente agradecer, perpetuando a seita socialista no poder. Além de que é uma aposta no futuro: estes papás hão-de contar à abundante prole que a sua existência se deve à magnânima medida dos socialistas. Logo, mais potenciais eleitores futuros a engrossar a maré socialista.
E com um tiro abatem-se dois pássaros: o da natalidade e o da perpetuação socialista no poder.
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