Assim o diz Bin Laden, na mais recente aparição depois de três anos de clausura para os holofotes do mundo. Cheguei ao discurso do pária através de um artigo assinado por Rui Tavares no Público de ontem (que por sua vez remete para a versão integral da prédica através do blog do autor).
Lá há diagnósticos de política internacional que fariam sucesso num qualquer programa de humor, Bin Laden desfia o rosário de acusações ao ocidente herege. Entre o cândido convite para que nos convertamos todos ao islamismo e a ameaça de mais terror cego se o não fizermos, serve-se do ocidentalizado marketing para seduzir as massas dos países que escolheu como inimigos: oferece-lhes o nirvana, na modalidade de isenção de impostos. Podia ter avisado antes, que se poupavam tantas vítimas do seu terrorismo ensandecido. Por cá, entregues cada vez mais aos prazeres hedónicos dos bens materiais, cada vez mais dependentes da força do vil metal que até ex-comunistas arrebata, já teríamos engrossado voluntariamente as fileiras do islamismo atraídos pela dispensa do pagamento de impostos.
O mais insólito é o terrorista jogar com as mesmas armas do inimigo, usá-las quando sempre se distinguiu pela recusa em fazê-lo. O que Bin Laden faz é oferecer um deslumbrante rebuçado aos hereges ocidentais, teimosos em declinar o cristianismo (ou o ateísmo, o que é ainda mais imperdoável), tão relutantes em abraçarem o islão. O isco usado é dos mais atraentes que os materialistas no ocidente podem morder: a afluência material através da isenção de impostos, essa incomodidade que subtrai à força a riqueza que criamos e os rendimentos do trabalho. Os governos dos países ocidentais têm pela frente mais um problema para resolver na guerra ao terrorismo dos fundamentalistas islâmicos. Daqui para diante terão que desmotivar as deserções de multidões, seduzidas pela lei islâmica que decreta a ignominia dos impostos. O inimigo, tão fisicamente à distância, e no entanto a combater o ocidente no seu próprio terreno, usando como soldados os que forem atraídos pela promessa de dispensa de impostos. Terá Bin Laden contratado um guru de estratégia política conhecedor dos truques de marketing?
Os governos dos países ocidentais têm uma solução para o dilema: jogar no mesmo tabuleiro, responder ao repto dos fundamentalistas. Para impedir que capitalistas primeiro, e demais povo depois, passem a envergar turbante e a fazer rezas virados para Meca sete vezes ao dia, aos governos ocidentais resta o desarmamento fiscal. As deserções serão combatidas se houver destruição dos impostos e terminar, de uma vez por todas, o assalto institucionalizado ao rendimento, à riqueza, ao consumo e aos milhentos actos do quotidiano que acabam por dar origem a mais um tributo a favor do Estado. O dilema mantém-se: é que mesmo que isso aconteça, a bomba pode estalar nas mãos dos governos ocidentais. Basta que os cidadãos queiram prestar homenagem a Bin Laden como inspirador da abolição de impostos. A passagem para o outro lado da barricada será inevitável, a menos que venha a ser proibida por decreto.
Os objectivos cumprem-se por etapas. Se uma fase se saldou pelo insucesso, outra se concebe. Queimada uma etapa, as agulhas afinam-se para outra que possa atingir o objectivo. Até agora quase ninguém se converteu ao islamismo atraído pela mais tentadora das promessas que o Corão sanciona – a poligamia só ao alcance do sexo masculino. Nem sequer a promessa de setenta virgens nos céus para kamikazes que sacrifiquem a vida e levem dezenas de vítimas num atentado suicida. A propagação do hedonismo semeia a desconfiança nestas promessas que não são verificáveis. Somos cultores da desconfiança metódica de S. Tomé. Perante o insucesso do apelo às hormonas masculinas, uma estratégia renovada: o afago da ganância dos mortais, tão maior quanta a prosperidade dos países, tão maior quanto o enriquecimento das pessoas. Estou curioso para ver os resultados.
Pelo caminho, uma inusitada descoberta: a ser rigorosa a tradução do discurso de Bin Laden, o islão é tangente aos libertários de direita, os únicos que não têm pejo em propor a extinção do Estado e que se deitam que nem cães ferozes aos impostos. Nestes três anos de ausência, para além de andar a jogar ao gato e ao rato com os poderosos serviços secretos das grandes potências, terá Bin Laden andado a ler os autores libertários (von Mises, Hayek, Rothbard, etc.)?
Lá há diagnósticos de política internacional que fariam sucesso num qualquer programa de humor, Bin Laden desfia o rosário de acusações ao ocidente herege. Entre o cândido convite para que nos convertamos todos ao islamismo e a ameaça de mais terror cego se o não fizermos, serve-se do ocidentalizado marketing para seduzir as massas dos países que escolheu como inimigos: oferece-lhes o nirvana, na modalidade de isenção de impostos. Podia ter avisado antes, que se poupavam tantas vítimas do seu terrorismo ensandecido. Por cá, entregues cada vez mais aos prazeres hedónicos dos bens materiais, cada vez mais dependentes da força do vil metal que até ex-comunistas arrebata, já teríamos engrossado voluntariamente as fileiras do islamismo atraídos pela dispensa do pagamento de impostos.
O mais insólito é o terrorista jogar com as mesmas armas do inimigo, usá-las quando sempre se distinguiu pela recusa em fazê-lo. O que Bin Laden faz é oferecer um deslumbrante rebuçado aos hereges ocidentais, teimosos em declinar o cristianismo (ou o ateísmo, o que é ainda mais imperdoável), tão relutantes em abraçarem o islão. O isco usado é dos mais atraentes que os materialistas no ocidente podem morder: a afluência material através da isenção de impostos, essa incomodidade que subtrai à força a riqueza que criamos e os rendimentos do trabalho. Os governos dos países ocidentais têm pela frente mais um problema para resolver na guerra ao terrorismo dos fundamentalistas islâmicos. Daqui para diante terão que desmotivar as deserções de multidões, seduzidas pela lei islâmica que decreta a ignominia dos impostos. O inimigo, tão fisicamente à distância, e no entanto a combater o ocidente no seu próprio terreno, usando como soldados os que forem atraídos pela promessa de dispensa de impostos. Terá Bin Laden contratado um guru de estratégia política conhecedor dos truques de marketing?
Os governos dos países ocidentais têm uma solução para o dilema: jogar no mesmo tabuleiro, responder ao repto dos fundamentalistas. Para impedir que capitalistas primeiro, e demais povo depois, passem a envergar turbante e a fazer rezas virados para Meca sete vezes ao dia, aos governos ocidentais resta o desarmamento fiscal. As deserções serão combatidas se houver destruição dos impostos e terminar, de uma vez por todas, o assalto institucionalizado ao rendimento, à riqueza, ao consumo e aos milhentos actos do quotidiano que acabam por dar origem a mais um tributo a favor do Estado. O dilema mantém-se: é que mesmo que isso aconteça, a bomba pode estalar nas mãos dos governos ocidentais. Basta que os cidadãos queiram prestar homenagem a Bin Laden como inspirador da abolição de impostos. A passagem para o outro lado da barricada será inevitável, a menos que venha a ser proibida por decreto.
Os objectivos cumprem-se por etapas. Se uma fase se saldou pelo insucesso, outra se concebe. Queimada uma etapa, as agulhas afinam-se para outra que possa atingir o objectivo. Até agora quase ninguém se converteu ao islamismo atraído pela mais tentadora das promessas que o Corão sanciona – a poligamia só ao alcance do sexo masculino. Nem sequer a promessa de setenta virgens nos céus para kamikazes que sacrifiquem a vida e levem dezenas de vítimas num atentado suicida. A propagação do hedonismo semeia a desconfiança nestas promessas que não são verificáveis. Somos cultores da desconfiança metódica de S. Tomé. Perante o insucesso do apelo às hormonas masculinas, uma estratégia renovada: o afago da ganância dos mortais, tão maior quanta a prosperidade dos países, tão maior quanto o enriquecimento das pessoas. Estou curioso para ver os resultados.
Pelo caminho, uma inusitada descoberta: a ser rigorosa a tradução do discurso de Bin Laden, o islão é tangente aos libertários de direita, os únicos que não têm pejo em propor a extinção do Estado e que se deitam que nem cães ferozes aos impostos. Nestes três anos de ausência, para além de andar a jogar ao gato e ao rato com os poderosos serviços secretos das grandes potências, terá Bin Laden andado a ler os autores libertários (von Mises, Hayek, Rothbard, etc.)?
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