24.4.08

Peixe fora da água (um portuense desidentificado)


Nasci no Porto. Tirando um interregno de dois anos, sempre foi a minha cidade. A cidade que, como cidade, como coisa física, me enternece. Há aquelas imagens que a celebrizam pelo mundo fora, o casario amontoado numa vertiginosa descida rumo às águas do Douro, que embevecem turistas e acalentam o orgulho dos nativos ao serem testemunhas daquele embevecimento. E o rio, outrora furioso, mas agora domado pelas barragens que selam o progresso, como a obra humana consegue domesticar a poderosa natureza.

E, contudo, há vezes em que me sinto forasteiro na minha cidade. Há vezes em que a bazófia dos nativos traz até a mim os sedimentos de um forasteiro que não se revê na idiossincrasia que vinga. Dizem que o Porto é a cidade invicta. Com garbo. Diria, até: com soberba. A condição invicta, o burgo que jamais foi franqueado por hordas de invasores, semeia altivez entre os portuenses.

Valeria a pena deitar o olhar sobre esta soberba, a atracção pelo abismo que é viver agarrado aos vestígios legados pelas narrativas da História. Dir-me-ão: a têmpera de um povo é feita da espessura dos tempos imemoriais, das sucessivas gerações que construíram, destruíram e reedificaram uma cidade. Os traços de uma personalidade colectiva que são transmitidos de geração em geração, de pessoa em pessoa. Ser-me-á permitida a discordância, a metódica discordância: as generalizações são um escorregadio terreno onde as falsificações se entretecem. Sou incapaz de compreender os diagnósticos tão assertivos sobre o “sentir colectivo”, como se todos os indivíduos fossem reconduzidos a um arquétipo de onde não há mercê de escapar, nem dissidência admissível. Faz-me lembrar os tonitruantes astrólogos e similares que desfiam uma sabedoria implacável que acantona todas as pessoas a uma dúzia de grupos - os signos -, numa cristalização que arremete contra a rica diversidade que são as pessoas.

A sobranceria portuense apresenta-se na sua inanidade. O Porto é a invicta cidade; e depois? Que nos diz isso sobre a cidade, sobre os seus habitantes? Traz-lhes especiais predicados, uma aura invencível herdada pela genética, só porque os antepassados que por cá viveram tiveram a arte de manter a cidade inexpugnável a todos os invasores? E, ainda que o seja, o que ganha a cidade em incessantemente enfatizar o atributo? Eis a soberba que se esfrega na face dos outros, dos que não tiveram a honra de nascer portuenses, ou daqueles que entretanto adquiriram a condição de portuense pelos laços afectivos que se foram assimilando. Na invocação da invicta condição há uma afirmação para o exterior, uma vaidosa agressão aos inditosos que escaparam ao privilégio portuense. Como quem esfrega no rosto dos demais (e sabe-se quem são os visados: os inimigos que dão alento à capital tão centralista) que há quem se gabe de nunca ter sido dominado por gente estranha, feito de que aos outros, pela sua franqueza inata, é coisa estranha.

E, porém, as pessoas não se dão conta da contradição em que se encerram ao elogiar a invicta condição da cidade. Será a recusa dos tempos modernos, dos tempos em que vinga o hedonismo que remete os prazeres do espírito para o reduto da arqueologia. É uma cidade invicta que tece loas ao seu virginal estatuto. Uma cidade frígida. Surpreendentemente nórdica, uma ilha no meio da mediterrânica natureza das terras semeadas no sul da Europa. Será o frio granítico que empresta esta frigidez. E um rumo sem sintonia com os tempos de agora, quando tanto se gaba o que as pessoas aprendem com se abrem aos outros, os que vêm de fora. A constante invocação do Porto invicto é um alçapão onde se deitam os nativos convencidos da sua distinta natureza, como se a invicta condição trouxesse algo de nobre, um traço que os outros teriam necessariamente que invejar. Este ensimesmamento traz ao Porto a letargia de uma cidade fechada sobre si.

Com sequelas: é esta sobranceria portuense (diria, “portista”, no seu fundamentalismo irreprimível) mentora de uma violência verbal que só tem fátua grandeza. Alimenta rivalidades espúrias. O que sobra da invicta condição enaltecida à exaustão é um ódio visceral contra a centralista Lisboa. Um contra-senso na pequenez da portugalidade e no seu contexto histórico - há que o lembrar, o país europeu com as fronteiras inalteráveis há mais tempo, um país pacífico, sem tensões étnicas ou regionais, excepto as artificialmente alimentadas por ostentações gratuitas de regionalismo sem significado.

É nestas alturas que descubro em mim o portuense desidentificado.

1 comentário:

Anónimo disse...

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