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Como será difícil o dia-a-dia dos marialvas lusitanos (e dos trolhas). Anda por aí um movimento que se auto-intitula “de defesa das mulheres” em campanha contra o piropo. Argumentam que a fronteira entre um “piropo inocente” e uma “ofensa sexual grave” é volátil. Solução? Atalha-se caminho para a proibição do piropo. Que estejam sossegados os marialvas lusitanos (e os trolhas): por enquanto (mas apenas por enquanto), a campanha só faz caminho no Reino Unido.
Enquanto os machos alfa (e os trolhas) não caem no desassossego de serem perseguidos legalmente por lhes ter fugido a boca para a verdade (ou descaído para o chinelo, consoante o calibre do piropo), vale a pena pensar nisto. Que sei eu do assunto? Tímido por natureza, sei mais por palavras delas (bem entendido: não sou fluente no disparar de piropos para desconhecidas). E o que me contaram vai do grotesco ao manifesto mau gosto, passando por alguns piropos que ensaiam uma criatividade singular. Até hoje, nenhuma me relatou piropos que fossem uma “ofensa sexual grave”. Talvez tenha tido azar na amostra. Ou a amostra tenha sido felizarda enquanto destinatária de piropos. Ou a amostra não narrou todos os piropos que os ouvidos escutaram. Ou, talvez, a amostra não fosse merecedora de piropos. Ou outra hipótese qualquer, o que não vem ao caso.
Incomoda-me que se tome a árvore pela floresta e se corte a eito nas proibições. Este lugar pejado de proibições começa a ser irrespirável. Elas (as proibições) cercam-nos por todos os lados. Sentimo-nos acossados. Passamos a desconfiar dos nossos próprios actos, das palavras bem medidas antes de se fazerem sonoras. Se esta campanha da associação “de defesa das mulheres” vingar, tudo apanha pela medida grande. Como um “inocente piropo” pode ser confundido com uma “ofensa sexual grave”, toca a proibir tudo e de uma vez só. Pobres dos marialvas (e dos trolhas), tão habituados a esta verve tão típica do cão que ladra mas não morde, a terem de suportar uma mordaça que seria a negação da sua genética. Isto não se faz a uma pessoa.
Eu aconselhava as senhoras empenhadas nesta campanha a voltarem aos bancos da escola. Ou a frequentarem um programa de reeducação da língua nativa, com aulas de semântica e de filologia aplicada, porventura com narrações na primeira pessoa de mulheres que já foram vítimas de (ou agraciadas por) piropos. Para aprenderem que as palavras têm um significado e que só por uma torpe trama se pode confundir “piropo inocente” com “ofensa sexual grave”.
Um dia destes, se a coisa pegar de estaca e vier do Reino Unido por aí fora, temo que não sejam os marialvas lusitanos (e os trolhas) a chorar baba e ranho por serem forçados à prudência linguística quando as hormonas se descompõem ao darem de caras com uma mulher curvilínea e lasciva. Aposto que elas seriam as primeiras a protestar contra a diatribe politicamente correcta de mais uma minoria (a tal associação de “defesa das mulheres”). Quando deixassem de ouvir os “piropos inocentes” que lhes inflamam o ego, começavam a estranhar. E se forem vítimas de “ofensas sexuais graves”, na forma tentada de palavras? Não é para isso que serve a polícia (para investigar) e os tribunais (para julgar)?
O planeta endoideceu de vez!
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