In http://aeiou.exameinformatica.pt/iv/0/50/144/comando-tv-televisao-fb7f.jpg
O
moderador entrega a caneta à feminista (e ainda se nota a caligrafia trémula,
os pontos nos i postos com a fúria de quem digere mal ofensas à mulher)
Uma empresa que vende televisão por cabo,
internet e telefone anda a mostrar um anúncio que tresanda a mau gosto. Uma
parelha infeliz dá a cara e a voz. Um ator com longas credenciais de
conquistador de mulheres e uma menina sugestivamente vestida em constante pose
provocadora (das hormonas masculinas, entenda-se). Apesar de emprestar a voz
para um trocadilho desonroso da condição feminina, a insinuante menina empresta
colorido ao anúncio com o corpo escultural ataviado num vestido três tamanhos
abaixo do seu.
(Comentário
do moderador: onde se nota alguma inveja da feminista. Ela só consegue envergar
roupas largas)
Enquanto o ator discorre as “ofertas” (como
se o capitalismo conseguisse oferecer coisa alguma), a menina dá a sua achega
com o trocadilho lesivo da condição feminina. E meneia-se, lúbrica, desatando o
imaginário dos ingénuos homens já com as hormonas aos saltos, sonhando
acordados com o que fariam se aquele pitéu estivesse a um palmo de distância
dos seus braços (e do resto).
(Comentário
do moderador: onde se nota uma distração da militante feminista, traída pelas
suas próprias hormonas em ebulição)
Está provado (se ainda mais provas fossem
precisas): o capitalismo anda de braço dado com a insultuosa desigualdade dos
sexos. Se um deus houvesse e justiça divina também, aqui se escrevia direito
por linhas tortas. Só os homens é que perdem a cabeça por mulheres curvilíneas,
transpirando lascívia, eles é que borbulham superficialidade. E os engenheiros
da publicidade, esses soldadinhos rasos a soldo do grande capital, só sabem
fazer anúncios que convocam as hormonas dos varões. Não haverá mulheres
clientes do “três em um” (entenda-se: televisão, internet e telefone)?
O
moderador, avisado pela ampulheta que esgotou o tempo da feminista, tirou-lhe a
caneta da mão. Deu-a ao rival, um marialva referenciado, amante de touradas e
de lupanares (mas estes em segredo...). A varonil personagem deixou escorrer o
tempo e o papel continuava em branco. Absorto. O pensamento a léguas de
distância. Já os derradeiros grãos se esvaiam da ampulheta e o marialva
esgadanhou uma dúzia de palavras em caligrafia boçal:
Quem sabe o número do telefone da menina do
anúncio da Zon?
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