17.3.14

A saga continua: os de esquerda é que são bons amantes

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Há anos, ficou célebre a prosa arrebatada de uma dirigente do Bloco de Esquerda sobre o superior desempenho sexual dos homens de esquerda. Não se soube de mais contributos para a sexologia (e para a ciência política) com tamanha lavra científica. Até que há dias um dos gurus da extrema-esquerda, Daniel Oliveira, voltou à vaca fria num programa de entretenimento televisivo.
Perguntavam-lhe se na juventude só colava cartazes, comparecia em manifestações de rua e militava na ortodoxia do que fora então seu partido, ou se também se dedicava às coisas mundanas dos jovens, nomeadamente se namoriscou. Como o Sr. Oliveira se descaiu, provocaram-no: e namorava camaradas de fileiras? Não se lembrava de o ter feito – as camaradas de fileiras eram apenas camaradas de fileiras, não convinha misturar águas. A provocação foi mais longe: e namoriscos com moças de direita? O Sr. Oliveira teve o descaimento total, depois de alguma hesitação: sim, fez algumas alianças bastardas com raparigas de direita. Rematando com um imperativo categórico: “coitadas, pois se entre os rapazes de direita só têm o que se sabe.” (Cito de memória)
O Sr. Oliveira não se devia meter nos lençóis alheios nem lançar rumores sobre o desempenho dos varões de direita (nem tão pouco escorregar em traiçoeiras generalizações). É que também os há diligentes, como haverá gente de esquerda que não se distingue na função. Os protótipos são apenas representações de imagens que não passam de isso mesmo. Nos homens de direita haverá o arquétipo do homem marialva, boçal como é genético da marialva condição, misógino sem o admitir, que amesquinha a mulher, coisificando-a amiúde. O brutamontes que se orgulha de dedicar à mulher a condição inferior que mostra o atavismo em que tais marialvas nidificam. Os maus amantes. Como há os que se notabilizam na função. Recusando o menosprezo da mulher. Sem caírem nos mesmos preconceitos dos varões acanhados que procuram suplantar os mal resolvidos problemas íntimos com uma sobranceira imagem que é só uma imagem. À direita, também há quem leia poesia e entoe poesia às musas suas. O romantismo não é exclusivo de ninguém – nem o romantismo lamechas, nem o romantismo esteticamente edificante. Também há homens de direita que oferecem flores, choram por mulheres, admitem o desamor (quando o desamor tem sua vez), detestam tourada e são amantes louvados. 
Era o que mais faltava: pergaminhos carnais dependentes das militâncias ideológicas. E era o que mais faltava: um absurdo concurso de competências libidinosas baseadas nas militâncias.

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