In http://amnprojeto.files.wordpress.com/2011/11/bebes1.jpg
O governo hasteou uma nova bandeira: há
que procriar a toda a força. Como não andamos virados para fazer meninos, e
como os geógrafos advertem que estamos a cair numa perigosa vertigem demográfica
que pode ser uma catástrofe, a causa ganha popularidade. O síndrome de
engenharia social está outra vez ao dobrar da esquina. Mesmo que esta intervenção
(que ainda vai ser pensada) seja da autoria daquele que muitos iluminados
certificam como o governo mais ultraliberal de que há memória, sem contudo
cuidarem de explicar que os liberais não simpatizam com intervenções que
congeminam a engenharia social.
Tenho curiosidade para saber da parição do
governo. Como vai o governo (este ou o que vier depois) desfazer o hedonismo
enraizado que nos faz ter pouca sensibilidade para sermos pais (ou para sermos
pais mais do que uma vez). O incentivo à natalidade vai lá com subsídios
generosos, ou regalias fiscais, ou a mensal entrega de um cabaz de géneros às
famílias numerosas? Ou o governo presta-se a fazer a vontade à igreja, ilegalizando
a venda de contracetivos? Os tutores do modismo da discriminação positiva são os
primeiros a aplaudir as medidas que discriminam a favor de quem tiver multiplicar
a prole. Continuo a achar que uma discriminação é uma discriminação, por mais
que venha com a cosmética favorável da adjetivação consequente. Os que
continuarem sem sensibilidade para aturar muitas criancinhas da sua lavra têm a
discriminação (negativa) como fado traçado. Enquanto um governo (este ou o que
vier) não se lembrar de multar os casais que não contribuem para a renovação da
espécie, podemos continuar sossegados.
É comovente que haja gente que puxa dos galões
da prole numerosa para, ato contínuo, ensinar aos demais, aos que não
reproduziram tamanhas façanhas, que o devem fazer. Se não, é o futuro que está
hipotecado. Dispenso o incómodo dos outros se arvorarem sacerdotes da boa
moralidade, gastando o seu tempo para ensinarem as ovelhas tresmalhadas acerca
do “bom caminho”.
Já faltou mais para as autoridades, com
o beneplácito de uma sociedade mesquinha e ainda carente do paternalismo das
autoridades, se meterem na cama de todos nós.
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