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Que tempestade desembestada nas hostes
da guarda nacional republicana! Descobriram que um seu elemento se exibiu, com
farda a preceito, num striptease em
Oliveira de Azeméis. O pobre rapaz já tem prometido processo disciplinar, que o
topete de despir a farda para, ato contínuo, mostrar o corpo tratado em ginásio
é ultraje à guarda.
Porventura o agente espevitado está à
mingua de recursos. Que ninguém se esqueça que os funcionários públicos têm
sido espoliados pela sanha de sacrifícios que os governos têm imposto. A
necessidade de alternativas fontes de rendimento cresceu com o emagrecimento
dos réditos que vêm na folha de pagamentos da guarda. Contudo, ninguém tem nada
a ver com as despesas fixas do soldado da guarda que exibiu o corpo depois de o
desnudar da farda que importunava a função. À míngua responde-se com estado de
necessidade. Os superiores da guarda sentem-se ultrajados por uma exibição de striptease não se compadecer com o exibir
e o depois despir da farda. Empertigados, protestam contra a aleivosia do
subordinado: a farda é para ser respeitada, ou toda a guarda acaba mergulhada
em pública chacota.
Os mandantes da guarda deviam aplicar
comenda, e das mais elevadas, ao imaginativo rapaz que trouxe a farda para o
espetáculo de striptease na
periferia. Os superiores só protestam contra a exibição da farda antes de ser
despida? Ou contra o despudor de um agente da guarda, entregue a lascívias
exibições que – acharão no recato da sua consciência onde medra tão católico
conservadorismo – não quadram com a pertença à guarda? Ao contrário, a guarda
devia homenagear o agente do striptease.
Onde já se viu um magote de moçoilas excitadas por verem uma farda da guarda?
(É certo: a contorcer-se com lubricidade, antes da farda ser rejeitada do corpo
e o porte atlético do agente despertar fantasias carnais no mulherio
adjacente.)
Se varrêssemos os esqueletos que destilam
a moralidade dos católicos de caserna, sempre ofendidos por saberem que se
passam coisas – como dizer?, carnais – fora do seu radar visual, veríamos
padres jovens, dotados de corpos torneados, a libertarem-se da sotaina para
deixarem à mostra minimalista sunga
escondendo as partes baixas da curiosidade das devotas excitadas.
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