15.12.11

Welcome to the pleasure dome


In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzh9hp3LQ94skaCNWbItGWyJMELOYAMolZ4ualgY1yySUTulJ5tvloxIUyeOPK7Hin6pxVzteF4Bm9iRsYvqnrMVG_hbuOgIEcqbLgoPOo0dH_oHnyYsSB9eVtkHyPLCRV9GDV/s320/a+porta.jpg
Para quê complexidades descobertas por um pensamento fermentado nas sombras das nuvens? Para quê dar corda aos elos que acorrentam? Se o suor dos dias já chega para apoquentações, que serventia têm as dependências que se embebem em sentimentos? (Ou sentimentos que se embebem em dependências – já nem sabia ao certo o sentido da causalidade.)
Estava convencido que se tornara frio. Por vezes cruel, quando as palavras entoadas soavam a franqueza dilacerante para quem as ouvia. Já não queria assinar garantias, nem sequer das verbais. Às tantas dúvidas por diante, atirava-lhes evasivas. Era a única certeza que tinha: agora só os instintos tinham voz. À menor erupção de sentimentos, silenciava-os com um punhal cravado friamente no fundo da carne. Com uma crueldade que desconhecia, uma crueldade que semeava um sabor ácido nos instantes a seguir ao ato de despojamento. Mas depois sossegava quando as horas de sono aplacavam as iniciais perplexidades.
Agora contavam os prazeres. É que se tudo se consome com a efemeridade de um fugaz fósforo, o futuro é o não tempo. Só interessava o cortejo de instantes que vinham uns atrás dos outros. Houvera tirocínio no início. Hábitos mudados e, o mais difícil, uma diferente maneira de pensar e de olhar as coisas e os problemas. A certa altura, perdera a conta. Perdera a noção dos rostos que coabitaram lençóis partilhados. A paz reavida apascentava o olhar brilhante, o sorriso desalfandegado. Na liberdade dos momentos em sua inadiável brevidade, assim julgara. Tudo o que interessava eram os julgamentos no tempo conhecido. Desviava o olhar dos calculismos que arremetiam contra incertezas vindouras. De tão incertos, não tinham serventia nem mereciam caução.
E nem a má fama que o precedia tirava sono. Os dias madrugavam soalheiros. E mesmo quando a outonal chuvisca desafiava a paciência dos sentidos, um guru invisível não parava de sussurrar ao ouvido o lema que não perdia de vista (ou as manhãs sempre soalheiras): “o prazer, o prazer, é o que te é dado a sentir. E não aos outros.

3 comentários:

Anónimo disse...

Felino goes to Hollywood...

Ponte Vasco da Gama

Ondas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ondas disse...

And the Oscar goes to...