In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzh9hp3LQ94skaCNWbItGWyJMELOYAMolZ4ualgY1yySUTulJ5tvloxIUyeOPK7Hin6pxVzteF4Bm9iRsYvqnrMVG_hbuOgIEcqbLgoPOo0dH_oHnyYsSB9eVtkHyPLCRV9GDV/s320/a+porta.jpg
Para
quê complexidades descobertas por um pensamento fermentado nas sombras das
nuvens? Para quê dar corda aos elos que acorrentam? Se o suor dos dias já chega
para apoquentações, que serventia têm as dependências que se embebem em
sentimentos? (Ou sentimentos que se embebem em dependências – já nem sabia ao
certo o sentido da causalidade.)
Estava
convencido que se tornara frio. Por vezes cruel, quando as palavras entoadas
soavam a franqueza dilacerante para quem as ouvia. Já não queria assinar
garantias, nem sequer das verbais. Às tantas dúvidas por diante, atirava-lhes
evasivas. Era a única certeza que tinha: agora só os instintos tinham voz. À
menor erupção de sentimentos, silenciava-os com um punhal cravado friamente no
fundo da carne. Com uma crueldade que desconhecia, uma crueldade que semeava um
sabor ácido nos instantes a seguir ao ato de despojamento. Mas depois sossegava
quando as horas de sono aplacavam as iniciais perplexidades.
Agora
contavam os prazeres. É que se tudo se consome com a efemeridade de um fugaz
fósforo, o futuro é o não tempo. Só interessava o cortejo de instantes que
vinham uns atrás dos outros. Houvera tirocínio no início. Hábitos mudados e, o
mais difícil, uma diferente maneira de pensar e de olhar as coisas e os
problemas. A certa altura, perdera a conta. Perdera a noção dos rostos que
coabitaram lençóis partilhados. A paz reavida apascentava o olhar brilhante, o
sorriso desalfandegado. Na liberdade dos momentos em sua inadiável brevidade,
assim julgara. Tudo o que interessava eram os julgamentos no tempo conhecido. Desviava
o olhar dos calculismos que arremetiam contra incertezas vindouras. De tão
incertos, não tinham serventia nem mereciam caução.
E nem a
má fama que o precedia tirava sono. Os dias madrugavam soalheiros. E mesmo
quando a outonal chuvisca desafiava a paciência dos sentidos, um guru invisível
não parava de sussurrar ao ouvido o lema que não perdia de vista (ou as manhãs
sempre soalheiras): “o prazer, o prazer,
é o que te é dado a sentir. E não aos outros.”
3 comentários:
Felino goes to Hollywood...
Ponte Vasco da Gama
And the Oscar goes to...
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