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Do
terrorismo
Uns inteligentes apregoam comiseração
com os fundamentalistas que fazem do terrorismo profissão. É pena que nunca
lhes tenha calhado em azar uma bomba, daquelas cegas que matam inocentes. Aposto
que não continuavam tão teimosos na diáspora intelectual.
Do
fado
O fado é o fado desta gente. Melancolia
que aterrou no lugar errado. Ou o lugar que fez crescer gente tíbia na sua
melancolia. Enganou-se quem nos colocou nesta geografia e com estes vizinhos tão
latinos e tão ladinos. Se houvesse dúvida, esta é a prova da ausência de deus
(ou deus, a existir, é tão imperfeito como as construções humanas – o que é a
negação da essência divina).
Do
casamento homossexual
Sou a favor. Assim como assim, está na
natureza (não vemos por aí cães em cima uns dos outros?). Quem não gostar que
desvie o olhar. Mas ai deles que se metam comigo. Uma vez expulsei um casalinho
que já ia com a febre toda no banco de trás do táxi.
Da
crise e da austeridade
A culpa, iniciou-a o Cavaco. Foi ele
que nos convenceu, com a ajuda da Europa, que também podíamos ser com os outros
europeus: mais gastadores, mas sem sermos mais ricos. Este é que foi o “desvio
colossal”. (Engana-se o ministro das finanças ao detetar o desvio colossal
entre os impostos que não queremos pagar e os direitos sociais que tomamos por
adquiridos). Depois da crise, vai sobrar um Estado anão. Temo que venha aí a
lei da selva. Por entre o estado de necessidade, muita criminalidade por
desespero. Todos temos a perder. Só tenho pena que não haja coragem de levar a
tribunal o cortejo de responsáveis pelas ilusões vendidas ao povo.
Das
garotas que se vestem escandalosamente
Isso já não me diz respeito. Passei o
prazo de validade. Ainda bem. Se estivesse para as curvas, era difícil não
resistir ao piropo perante tanto corpo volutuoso à mostra. E do piropo à ação,
às vezes vai um estalar de dedos, que elas agora são fáceis (ou um estalo no
rosto, quando a impertinência sondou a porta errada).
Do
Dr. Soares
Quer ser primeiro-ministro outra vez.
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