Protomartyr, “The Devil in
His Youth”, in https://www.youtube.com/watch?v=0lmtr77LVKM
Digo: não outorgo a vontade dos que
querem regras de viés, dos que calcam sem pudor os esteios de uma determinada
ordem, dos fautores das regras quando as querem transigidas. Não aceito fechar
os olhos, ou assobiar para o lado, enquanto me pedem para tomar de empréstimo
uma tábua-rasa a favor de outros (nem que fosse a meu próprio favor).
Escusam de endossar a semântica para
os lados dos eufemismos, com mansas falas, que não fui nascido para ser
insultado na inteligência que veio comigo. E se, em preparos para atirar um
engodo, me julgam suscetível de ser vítima de ardis, o desengano é o melhor remédio
à sua disposição: será altura (das escassas vezes) de puxar lustro ao orgulho
de que mais me orgulho: a independência de pensamento, a lisura dos atos, o
tratamento por igual, recusando privilégios aos que, por uma qualquer razão, se
consideram merecedores de privilégios. Não capitulo deste significado de uma
postura.
Não adianta torcer as regras, ou
fazer da criatividade meio para untar eufemismos de parca jaez: não me
convencem. Não abdico da independência. Não abdico de continuar a respeitar regras
(mesmo quando não concordo com elas) e de as aplicar por igual, sem diferenças
de tratamento. É o meu dique. Coriáceo, como os diques se oferecem ao saber. Dos
poucos orgulhos que andam comigo, tenho o de saber que a parede do dique que
edifiquei é pétrea, insensível aos abalos telúricos que queiram ter vencimento
por qualquer jeito. Não deixo que o dique seja assaltado. E caso ameacem a inteireza
do meu dique, tenho uma vontade indomável de reagir como um animal selvagem que
se sente acossado.
Faço o que for preciso para manter as
ameaças a léguas. E se as ameaças conseguem romper a primeira muralha de
segurança, aproveitando-se do meu ausente conhecimento e da dissuasão a
destempo, levanto as defesas para manter o dique inexpugnável às investidas
soezes. Por mais custosa que seja a defesa do dique. Por mais que tenha de desalfandegar
o mau feitio. Todos esses ónus pesam menos do que fechar os olhos e capitular
com a podridão que se entrelaça nos poros de tudo o que seja sentido.
Com a podridão dos outros, quando são
eles que a ostentam, passo muito bem.
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