In http://0.tqn.com/d/politicalhumor/1/0/3/h/3/Fake-Bake.jpg
Acabava de ver publicidade a um sistema que faz de conta que põe as pessoas bronzeadas (“fake bake”). Tinha um subtítulo: “o bronzeamento das celebridades”. E ia começar a dissertar mentalmente sobre a rima entre celebridades e falsidades, mas recuei na intenção. Pelo meio, haveria de interrogar aos costumes por que tanto gostam os eleitos da tez acobreada de ostentar essa (para muitos) invejável condição. Também recuei, não fosse a elucubração cair em cima da minha cabeça.
É novidade que o universo fantasioso das pessoas que vivem imersas no estrelato seja possuído pela fantasia? Se a fantasia anda em íntima convivência com o quimérico, só quem andar distraído é que não tira a conclusão que o anúncio ao bonzo bronzeamento põe, em ingénua forma, a descoberto. E o que se aprende com isso? Isso mesmo: que um cortejo de falsidades convive de perto com as celebridades aduladas por um imenso séquito. E depois? Depois, nada. À vidinha deles – tanto os famosos idolatrados, como quem os idolatra.
Pouco me importam as artes em que residem estes ídolos efémeros ou não, ou a sua estética ser incompatível com os padrões que me orientam, ou a decerto disparatada bajulação que lhes prestam. Isso é lá com eles. Por vezes, em instantes em que fogachos de lucidez se aclaram, apetece fazer como os cristãos em pungente arrependimento quando, cabisbaixos, batem no peito três vezes e mergulham nas preces que adestram a contrição. Incomoda a vacuidade das estrelas disto e daquilo, o sentir que a falsidade se emparelha com a palavra celebridade? Não devia. É tempo que se perde para a existência do eu, talvez ele própria com as suas dores de parto.
Isto das celebridades fermenta uma certa perplexidade: é que as suas vidas são espiolhadas ao detalhe. Não podem dar um passo, dos mais rotineiros, sem que mil olhos ávidos se deitem em cima delas. Não podem andar na rua, nas mais corriqueiras tarefas, sem sentirem o voyeurismo de quase todos. Como não podem os famosos ser um alfobre de falsidades?
Sem comentários:
Enviar um comentário