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Não se pode acusar de falta de imaginação as raparigas e os rapazes (por esta ordem, por causa das ordenanças politicamente correctas) que se auto-chamam “indignados” e acampam nas praças centrípetas de cidades europeias. Ele são as iniciativas de autogestão e auto-produção que fazem das acampadas sítios albaneses. Ele são as de-vir-às-lágrimas assembleias populares, onde todos podem falar se os temas estiverem dentro das baias do protesto e na ordem (afinal há ordem...) dos “moderadores” de serviço. O mais comovente é convencerem-se que representam o povo, os excluídos do aburguesado sistema eleitoral e dos partidos enquistados no sistema. O mais comovente é convencerem-se que estão ali para exigir a “democracia real”.
Eu tenho pena que os filósofos e outros ideólogos que passaram a rondar os certames, dando o seu generoso contributo para a ideologização das jovens e dos jovens, não lhes tenham ensinado o relativismo (científico cultural, enfim, epistemológico) que apregoam. Aqui vai a minha singela perplexidade: se os gurus a que as jovens e os jovens indignados se apegam cultivam o relativismo, como podem pretender que a democracia por que “lutam” se adjective “real”? O real objectiva. Contraria as lentes alternativas dos relativismos. Não terão os gurus dado conta da incongruência?
É uma delícia ouvir e ler os protestos das e dos “indignados” que exigem “democracia real”. Tenho impressão que elas e eles andam iludidos por um erro de perspectiva. A excitação e o embaciamento das ideias há-de explicar o viés da visão. A menos que a democracia já não seja a governação da minoria pela maioria, ou que as e os indignados, refazendo conceitos, excluam da contagem todos que tenham a estultícia de não aceitarem as suas tão justas vindicações. Nessa altura, a democracia teria aportado numa revisão conceptual. E passaria a ser a governação através da lente de um punhado de putativos iluminados. A história já tropeçou algumas vezes em equívocos destes. Com os resultados conhecidos.
Folgo em saber que estas e estes jovens usam a bandeira da “democracia real”. Não os sabia monárquicos.
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