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We miss each other our
dreams
As redundâncias da carne, os afetos metidos no
olvido, as lágrimas lambidas à face da pele, os olhos embotados pela
carnificina das emoções. Uma correria. Contra o tempo, como se o tempo fosse um
corcel abandonado, selvagem, correndo furiosamente pelos prados fora. As
bússolas em tirocínios de artesãos diferentes, tão díspares os azimutes para
onde apontavam. Reféns do tempo, as mãos dadas pareciam uma prece que limava as
arestas até já tudo se ter desgastado. Por mais que as palavras viessem
tingidas de todas as belezas, por mais que parecesse que os pés devoravam o
chão em uníssono, fazendo-o seu altar privativo, o rasto deixado para trás insinuava
uma ilusão que embaciava os olhos.
Os dias de glória teriam sido uma quimera. Houve
dias que amanheceram sombrios, mostrando um rosto taciturno. Dias que afivelaram
fantasmas que fundeavam no pescoço com o bafo dos temíveis punhais. E por mais que
as vontades abreviassem o passo aos fantasmas, eles subiam numa espessura
carnal que golpeava as quimeras já feitas. E elas ruíam em silêncio, as pedras
esboroando-se no chão atapetado de sonhos. Os fantasmas foram ao osso dos
sonhos. Descarnaram os sonhos até ficar à mostra a carne viva já separada do osso
e um lago de sangue onde fermentavam as lágrimas escondidas. Os pés pareciam teimar
na sincronia. Tanta era a vontade de iludir os desandados compêndios. Os
fantasmas fizeram o resto do serviço.
Foi então que os sonhos subiram à superfície numa
arritmia angustiante. As melodias embaraçavam-se em ruídos perturbantes, os
punhais cravados bem fundo na carne tratando do que ainda faltava sangrar. Os
sonhos com apogeus desiguais. A plateia onde estavam os espetadores era um
lugar frio, as emoções contrastadas no fiel do que se dizia e do que se sentia.
Um dia, os olhos fechados já não chegavam para esboçar a harmonia de um caminho.
A penumbra dos olhos fechados sussurrou que os passos estavam trocados.