18.11.11

Os gestores catitas

In http://info.abril.com.br/aberto/infonews/fotos/Portugal-Telecom-CEO-ZeinalBav-20100526095227.jpg
Modernaços. Dentadura luzidia a condizer com o papel de relações públicas que levam a sério. Apanharam uma ensaboadela sobre a arte de ser bem parecido e bem falante – que agora os acionistas das empresas gostam do género (aligeira a imagem da empresa). Têm um ar muito fresco que está nos antípodas da pose aristocrática dos gestores mais velhos, os da velha escola que mantêm as distâncias da ralé. Os modernaços aprenderam a ser desempoeirados quando estudaram no estrangeiro e por lá fizeram o tirocínio das meteóricas carreiras.
Com a pose desempoeirada democratizaram o pedestal dos gurus da gestão. Estão mais próximo dos trabalhadores – que, na linguagem politicamente correta, sofreram uma metamorfose semântica, agora são “colaboradores”. É mais sedutor: um colaborador colabora, fica a impressão do voluntarismo da labuta, há mais amor à camisola. O trabalhador tem o atávico cunho marxista da luta de classes. Arrasta consigo o labéu da opressão. E o capitalismo fica mal no retrato. Os gestores catitas, por mais que arrostem com o odioso do “neoliberalismo”, converteram-se à hipocrisia da linguagem diplomática. E se espremem mais da mão-de-obra quando a tratam por “colaborador”, seja feita a vontade ao ancestral dogmatismo marxista.
Os gestores modernaços formam equipas. Envolvem as equipas nas tarefas comuns. Imputam responsabilidades coletivas. O espírito de equipa é testado em folclóricas atividades exteriores, as também modernaças formações outdoor. Vão para o campo, emprestam o suor a atividades radicais, às entranhas vão buscar os rudimentos da criatividade e ensaiam tristes figuras logo aplaudidas pelos demais. Convivem. Os gestores catitas dão o exemplo. Desfazem-se da gravata, chafurdam na lama, cobrem-se de poeira, embebem-se do espírito de equipa e, se preciso for, permitem que os subordinados (perdão, os colaboradores de nível inferior) os tratem por tu. Mas só naquele dia, que nos outros o respeitinho ainda é lindo.
Mas aquele ar de permanente boa disposição, aquele sorriso de orelha a orelha (mais parecendo fúteis starletes televisivas que apresentam programas que convocam a indigência mental), aquele aspeto de quem está apaixonado pelo mundo, soam a falso. Alguém conhece alguém que seja assim o tempo todo? Estes gestores catitas não gerem empresas. Fazem a gestão de simpatias. São mais a atirar para o papel de embrulho. Lá dentro, pouco.

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