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(Um
opúsculo segundo as modas.)
Morte
aos banqueiros. Crucifiquem-nos à sua ganância. Que ao povo sejam desimpedidos
os cofres onde repousam os ganhos usurários – o sangue absorvido ao povo
seduzido pelo consumismo que o hipotecou até aos ossos, para gáudio da
escumalha financeira. Convoque-se a polícia para dar guarida ao saque às
mansões dos banqueiros. Os registos prediais que forneçam a localização dos
bens desta ralé, por revolucionário imperativo. À populaça irada que seja
autorizado deitar os pés, por enlameados que estejam, nos tapetes persas, as
mãos engorduradas nas porcelanas milionárias, os olhos estupefatos na orgia de
joias. Os mais petizes que entrem nos quartos da descendência onde se acotovelam
os brinquedos nunca abertos, ou usados uma vez só. Sob proteção policial, que a
maralha traga o pecúlio do saque.
E
depois, depois tragam os banqueiros à praça pública, obrigatoriamente
despojados de roupas, para a populaça se rir à fartazana com as suas panças
gelatinosas que tombam sobre as partes pudibundas. Juntem-nos no centro da
praça principal, rodeados pela horda em profusas gargalhadas, os dedos
apontados prometendo a vingança que aquece em lume brando. À medida que o
cansaço derrotar as gargalhadas e o cerco se agilizar, que o povo desfie o rol
de acusações. Sem lugar a contraditório, que a justiça revolucionária e a
emergência do momento o não autorizam. Assim como assim, se os banqueiros
andaram décadas a sorver o sangue do povo com juros usurários e a camisa de
forças do crédito em forma de sorridentes meninas vendedoras de paraísos, com o
beneplácito de governos hipotecados aos interesses da grande banca e à traição
dos pequenos hábitos burgueses, eis chegada a hora do ajuste de contas.
Quando
soar o epitáfio das acusações, cerce a sentença: morte sem apelação. Morte aos
banqueiros, morte aos bancos, o minarete esturricado do capitalismo em
estertor. Outros capitalistas na ordem natural da exploração do povo estão na
linha de sucessão dos justiceiros implacáveis. Até não sobrar vestígio do funesto
capitalismo.
Depois,
e só depois, começa o paraíso.
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