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Fica-me
mal, eu sei; há de parecer sobranceria intelectual, mas vai na mesma: andam por
aí umas sumidades que demoraram uma eternidade a fazer-se bacharéis e que
depressa trepam nos tamancos da cátedra que inventaram para si mesmos quando se
olham, ufanos, ao espelho das vaidades. O líder do PS (quem me recorda o nome
do senhor?) é um exemplo do arrivismo serôdio. Nós apanhamos com os cacos da
bazófia intelectual. Faz lembrar aqueles “inteligentes” que querem brilhar num
discurso (escrito ou em oratória) e metem os pés pelas mãos, tropeçando na
indigência gramatical própria de quem monta num cavalo que não é para as suas
andanças.
Há
uns tempos o líder do PS (tenho o nome dele na ponta da língua...) descobriu o
conceito de “austeridade inteligente”.
A ciência económica exultou. Tinha sido descoberta a quadratura do círculo: uma
austeridade pródiga em crescimento deixava de terminar em ponto de
interrogação. Por decreto do génio, passava a ser possível montar numa escada e
descer para cima. Um dia destes, o líder do PS ainda vai a prémio Nobel da
economia (e, nessa altura, talvez não me esqueça do nome do senhor).
Anteontem
anunciou, com aquela pose grave de estadista que se confunde com o rosto de
bebé a fazer beicinho, que o PS se abstém no orçamento. Advertiu que se tratava
de uma “abstenção violenta mas
construtiva”. Não sabia que uma abstenção pode ser violenta. Nestas coisas
da luta política, violento é um “não” – e, recorde-se para esclarecimento
cabal, raros são os “não” que o são (violentos). Desta vez, o líder do PS
(digam-me lá o nome...) abusou. Quis ser prolixo e verteu cacofonia. Atar as
pontas entre a violência e algo construtivo é uma dupla contradição quando
ambos os termos servem a abstenção.
Em
tudo há uma serventia. Até nas palavras cobertas pelo risível. São uma
impressão digital de quem as pronuncia. E chego ao fim sem conseguir recordar a
graça por que o líder do PS é conhecido.
2 comentários:
"Tónio", Paulo, é "Tónio" (ou Tóino, como preferirem) a graça de sua sumidade...
Estou na dúvida, Sérgio (agora que fizeste o "clique" necessário), se não será "Totó"...
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