In http://bbel.uol.com.br/upload_2009/conteudo/homens_cozinha1_18911194822312.jpg
Uma amiga diz que é ao contrário
de antigamente, quando os varões eram conquistados pelo estômago; agora são
elas que se enfeitiçam por conquistadores com dotes culinários. É a
reconfiguração das artes de bem seduzir.
É por estas andanças que, de há
uns anos a esta parte, muita gente do sexo masculino se enamorou pela alquimia
da cozinha. Ao ponto de se ter esmerado tanto, mas tanto, que os melhores
cozinheiros são homens. Será um caso de estudo de evolução da espécie. Um outro
amigo, marialva empedernido, aproveitou para escarnecer do sexo feminino: nem
onde elas tinham vantagem comparativa conseguem manter o privilégio depois de
eles se interessarem pelo assunto.
A amiga que revelou o efeito
mágico de um homem com os braços metidos em tachos e panelas e ervas aromáticas
soltou uns ais à medida que desfiava as confissões. A alquimia não é só a
difícil arte de combinar os melhores ingredientes, ou de pôr qualidade nas
iguarias confecionadas, ou puxar lustro à imaginação para congeminar um prato
original (já para não mencionar o esmero estético do zeloso empratamento, pois
os olhos também comem – no que seria uma ostensiva metáfora de outras artes). A
alquimia vem da pose não desajeitada do
cozinheiro, mostrando tarimba no assunto. Nos gestos certeiros, na precisão com
que os finos ingredientes são cortados antes de entrarem em conciliábulo na
fervura. Nos modos gentis de quem trata os utensílios e os ingredientes com uma
ternura apelativa. Os olhos delas apuram os demais sentidos.
Se a amiga estiver coberta de
razão, maus os augúrios para os marialvas recauchutados ainda convencidos que o
século é o XIX. Estão fadados ao desamor, ao emagrecimento das conquistas. Têm
a opção de se recondicionarem, aprendendo (talvez em cursos intensivos)
primeiro os rudimentos e depois um pouco de culinária avançada. É matar ou
morrer, caros anacrónicos marialvas.
Sem comentários:
Enviar um comentário