In http://www.cinemaportugues.info/wp-content/uploads/2012/03/Assim-Assim.jpg
Um filme é um filme. Uma
história. E as histórias são, todas elas, a sua própria contingência, fermentam
nas suas próprias circunstâncias.
Haverá muito a aprender das
histórias pessoais narradas no filme “Assim
assim”? É um retrato dos
amores e desamores, em tentativa bruta ou em doce ilusão do atingível, da
burguesia urbana que povoa a noite lisboeta. E do filme, bebe-se alguma lição?
A complexidade das vidas modernas pode sitiar os olhos do espetador em alguma
verosimilhança. Diríamos, depois de ver o filme, que as relações a dois são um
oceano repleto de ondas alterosas. Mesmo nos casos embebidos numa ingénua
felicidade, com as personagens ungidas por um anestésico estado de paixão. No
desenlace da narrativa, as vidas com passos trocados são o logro em que descai a
imensa felicidade.
Uma personagem insiste na
retórica do “olhar para o lado” (eufemismo para adultério) quando a relação a
dois desce os degraus da monotonia. As mentiras são necessárias, piedosas. Das
tantas histórias da vida real que conhecemos, quantas vezes não tropeçamos em
angústias pessoais de quem vive a fazer de conta que vive (feliz)? Talvez a
grande lição venha da personagem mais nova: um adolescente imerso nas
perplexidades existenciais da idade, absorvido pelos círculos concêntricos das
paixões correspondidas e depois traídas em triângulos amorosos. Do fundo da sua
inocência talvez não tão inocente, atira à mãe que não se importa que a
namorada namore com outro ao mesmo tempo (enquanto demora o olhar cúmplice no
namorado do dono da livraria onde lanchavam).
Às duas por três, as relações
são complicadas de mais para manter relações a três ou a quatro ou a cinco (e,
ainda por cima, com pluralidade de preferências sexuais). Se há ilação a
extrair deste filme, é que é mais simples o celibato afetivo. E que o
pragmatismo se desgasta quando aflora um sentimento (ou aquilo que se
interioriza como sentimento, nem que seja tirado à inércia pelos fórceps que o
corrompem).
Mas um filme, convém recordar, é
apenas um filme.
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