27.4.12

Prisioneiro de dilemas


In http://silviakochen.files.wordpress.com/2012/01/prisc3a3o.jpg
Ó desfortunado pensamento que, de tão embebido nas suas incompreensíveis complexidades, fabrica os dilemas. Mas o que se pode fazer se não dar conta das encruzilhadas que consomem o sono e deixam interrogações órfãs de esclarecimento?
As algemas adejam na constância do tempo enquanto as incógnitas aterram antes dos dias em que nem o vento se faz ouvir. Ao longe, por vezes, um sibilo envergonhado coalha a impassibilidade do tempo. Mas não incomodam esses sussurros enigmáticos, pois de lado algum, entre a calma da madrugada, há vivalma que traduza ruído. Mas isso apoquenta o pensamento hesitante entre os contraditórios pontos cardeais dos dilemas que fermentam na intensidade dos dias que se repetem.
Por que hão existir interrogações? Se elas levam aos interstícios do nada, onde se dissolvem as sombras de tudo em nevoeiros espessos, novas cortinas desdobradas em cascatas diante dos olhos cansados. A cada passo, seja pelos dedos incinerados do arrependimento, seja pelas promessas da renovação que se embaciam no derradeiro momento, sobram esgares que são a transparência dos nadas obtidos ao interpelar todas as dúvidas. E a cada passo, por diante estendem-se encruzilhadas emparelhadas com um sobressalto interior. Só há uma certeza que os caminhos por diante deixam a nu: não há caminho em frente, só um emaranhado de pequenas vielas que desaguam da encruzilhada em direção de tantos pontos cardeais.
A custo, os dilemas desfazem-se na sua própria existência. Podem não encontrar desenlace a preceito. Tantas vezes, são a encarnação de uma ilusão. Não há maneira de lhes combinar resolução porque não chegam a ter existência. Os outros, com espessura, perdem-se na intemporalidade. Desgastam-se na impossibilidade de descodificação. Deixam de ser. Podem os pontos cardeais perder o seu sentido, de tantas voltas que viradas pela bússola antes de tudo deixar de fazer sentido. Até que, ao acordar, no meio de um tremendo nada, nem sequer o dilema deixou rasto.
Então, por fim, um (outro) recomeço.

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