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Ó desfortunado pensamento que,
de tão embebido nas suas incompreensíveis complexidades, fabrica os dilemas.
Mas o que se pode fazer se não dar conta das encruzilhadas que consomem o sono
e deixam interrogações órfãs de esclarecimento?
As algemas adejam na constância
do tempo enquanto as incógnitas aterram antes dos dias em que nem o vento se
faz ouvir. Ao longe, por vezes, um sibilo envergonhado coalha a impassibilidade
do tempo. Mas não incomodam esses sussurros enigmáticos, pois de lado algum,
entre a calma da madrugada, há vivalma que traduza ruído. Mas isso apoquenta o
pensamento hesitante entre os contraditórios pontos cardeais dos dilemas que
fermentam na intensidade dos dias que se repetem.
Por que hão existir interrogações?
Se elas levam aos interstícios do nada, onde se dissolvem as sombras de tudo em
nevoeiros espessos, novas cortinas desdobradas em cascatas diante dos olhos
cansados. A cada passo, seja pelos dedos incinerados do arrependimento, seja
pelas promessas da renovação que se embaciam no derradeiro momento, sobram
esgares que são a transparência dos nadas obtidos ao interpelar todas as
dúvidas. E a cada passo, por diante estendem-se encruzilhadas emparelhadas com
um sobressalto interior. Só há uma certeza que os caminhos por diante deixam a
nu: não há caminho em frente, só um emaranhado de pequenas vielas que desaguam
da encruzilhada em direção de tantos pontos cardeais.
A custo, os dilemas desfazem-se
na sua própria existência. Podem não encontrar desenlace a preceito. Tantas
vezes, são a encarnação de uma ilusão. Não há maneira de lhes combinar
resolução porque não chegam a ter existência. Os outros, com espessura,
perdem-se na intemporalidade. Desgastam-se na impossibilidade de
descodificação. Deixam de ser. Podem os pontos cardeais perder o seu sentido,
de tantas voltas que viradas pela bússola antes de tudo deixar de fazer
sentido. Até que, ao acordar, no meio de um tremendo nada, nem sequer o dilema
deixou rasto.
Então, por fim, um (outro)
recomeço.
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