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É dos manuais. Nos bancos das
escolas, ou mais tarde quando tirocinam nas universidades, os aprendentes são
educados nas virtudes da livre concorrência. O mal vem depois, quando a
realidade nidifica os seus tentáculos. Primeiro, as lições do liberalismo pertencem
a laboratórios ensaiados nos livros. Elas não estão nos topes do politicamente
correto. O que esconde a segunda motivação: a concorrência não congemina as faustosas
rendas distribuídas por uns poucos, talvez com o beneplácito material de quem
dedilha as necessárias assinaturas que são a caução à distribuição dessas
rendas. A concorrência faz bem, proclamam os calhamaços; mas não quer dizer que
seja praticada.
Nestas alturas, as lições
recebidas parecem prédica de vendedor de banha da cobra. Têm pouca serventia
quando são coladas como papel de parede no revestimento dos factos. Onde mais
conta, onde mais as lições que ensaiam as virtudes da concorrência vinham à
tona, mais são asfixiadas. A concorrência faz bem, mas não é praticada. O
empirismo, que não se aprende a não ser na rua e nas vicissitudes do
quotidiano, berra o lema que desfaz em nada as lições dos eminentes lentes: “não
olhes para o que eu faço, olha para o que eu digo” (versão ultrajada da máxima
consagrada pelo “saber popular”).
Tudo tem explicação. Dentro de
uma ciência, ou fora dela. Para o caso, resgatam-se os rudimentos da moral
católica. O monoteísmo é anti-concorrencial de gema. E a religião prega a toda
a hora decentes comportamentos que são a negação da concorrência. Ele é a monogamia,
a censura eclesiástica do divórcio, a moral sexual desterrada da idade média, a
noção de pecado. Esta moral convive mal com a abertura de espírito que é o
princípio mental que cimenta a concorrência. É uma moral enquistada, propala
privilégios típicos de monopólios.
Não admira que a moral católica esteja
enraizada nos comportamentos embebidos em tão alérgica reação aos talentos da
concorrência. Os manuais, esses, cada vez mais condenados a serem letra morta,
ou mera letra de romance.
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