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Tens direito a açambarcar o que
consideras ser teu, exclusivamente teu. Tens direito a ser tutor do que
apregoas ser teu critério de felicidade. Ninguém tem nada a ver com o teu
módico de jubilação, por mais que outros o achem frivolidade. Ninguém se
aproprie dos teus sentimentos, nem colonize tuas palavras. Ninguém seja fiel
depositário das lágrimas que vertes, dos sonhos que abonas, dos humores
variáveis, dos sorrisos espontâneos, dos espelhos por onde tomam lustro as
cambiantes do teu ser. Pois tens o direito a seres o que queres, nas horas que
te apetecem, na forma estruturalmente tua de que não deves justificação a
ninguém. Pois tu és um universo inteiro. Maior do que o mundo inteiro, aliás.
Não pode haver quem se oponha à natureza que é um emaranhado em ti. Julgam-te
complexo, contraditório, provocador por causas inúteis, pueril e ao mesmo tempo
curador de uma pose grave; julgam-te por aquilo que convém ser a bitola do
tempo que passa, passando um xeque em branco à memória esquecida que, não fosse
esquecida, selava o oposto do que em ti querem ajuizar. Mas nada disso importa.
Não interessam os espelhos atávicos dos outros – pois esses espelhos, caso
tivessem serventia, chegavam sempre atrasados ao tempo de que és maestro único.
Não interessam os juízos nem os preconceitos, pois não são eles o oxigénio de
que dependes. Que a indiferença seja o mote. Deixá-los entretidos nas suas
néscias pessoas, atamancados na sua pequenez irremediável. Deixá-los emparedados
nas suas vidinhas sem sal, pois por assim serem é que tanto se importam com as
que não são suas e temperadas são pelo sal que neles desampara a cobiça.
Empilham-se no arquivo da memória os dizeres bastardos sobre ti. Deita-os ao
vento. Só quem tem merecimento é que merece estima. Aos demais, que bolçam
sentenças banais sobre o que lavra sua, credite-se um desconto pela falta de
coluna vertebral, ó pobres criaturas mundanas.
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