Sigur
Rós, “Fjögur Píanó”, in https://www.youtube.com/watch?v=8i9vEBWnu9I
Medem-se aos palmos, os
homens?
Desembainhem-se os momentos
de bravura interior. Quando, num exercício de onde resplandece a grandeza que
nidifica por dentro, sem ser um narcísico exercício, se denota o julgamento da
singularidade do eu. Não há iguais. E mais: não há quem seja maior, por maior
estatura que seja a sua, por mais linhagem que o esteja a ungir.
Não é um ensimesmar. Não
é desaprovar os outros que se considerem maiores que os demais. A certa altura,
o exterior do eu é irrelevante. É quando uma soberba indisfarçável (mas perdoável)
afiança que se é maior que a própria estatura. Uma grandeza que extravasa o
corpo e o pensamento. Às duas por três, até o mundo inteiro. É um ato volitivo.
A perseverança que asila as inquietações, que as aplaca num leito que serve de
afago. A estatura maior levanta-se sobre a terra. Recolhe, nas mãos gigantescas,
o odor plural que vem das terras diferentes. Acaricia os mares, domando-os
quando fervem num estrépito tempestuoso. Nas mãos generosas, processa a
suavidade das flores campestres que traz das montanhas distantes. Espreita o
seu olhar diligente sobre as páginas que retratam palavras quiméricas. Rivaliza
com os coreógrafos ao ensaiar uma dança espontânea, sem passos estudados, mas
ainda assim sublimando uma leveza que adestra o estado de espírito.
Não há consumições que
possam descompor uma harmonia. Não há céus, por mais plúmbeos que estejam, a
levitar a melancolia. Não há apoucamento de ninguém, pois a alta estatura que
se eleva a um promontório semeia a lucidez da análise: ele há tanta gente
enamorada pela mesquinhez, tanta gente meã que não aspira a outra condição,
tanta gente que não conta para as contas. Pode soar a soez arrogância. Que mal
vem ao mundo se concordarmos que não é aos palmos que se medem os homens, e que
um palmo de estatura se pode transfigurar numa personagem colossal e abarcar o
mundo inteiro que não chega para o seu tamanho?
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