(Ficção baseada numa notícia
verdadeira)
Afinal
o Costa, o D. Sebastião que prometeu devolver o poder aos socialistas, o quase
Obama português, o (asseguram os esperançados) futuro timoneiro da coisa que a
vai salvar dos atuais ineptos, é um vendilhão ao serviço da grande finança
alemã. Está a soldo da BMW, da Mercedes-Benz, da Audi – e até, talvez se
pudesse certificar, da Porsche, não se fosse dar-se o caso de apenas um quinhão
de angolanos desterrados e de chineses detentores de dinheiro pouco
recomendável se poderem assenhorear de um Porsche.
A
denúncia foi feita por Rufino Ornelas, dirigente da associação nacional de
oficinas automóveis. Ornelas informou, em conferência de imprensa, que teve
acesso a escutas telefónicas que provam as suspeitas que o ramo das reparações
em automóveis em idade avançada (vulgo, chaços) já tinha desde que o Costa,
ainda edil de Lisboa, decidiu proibir automóveis com idade superior a quinze
anos de virem ao centro da cidade. O dirigente da associação de oficinas
protestou contra a inoperância da medida: “esta
proibição não tem fundamentos científicos. Não está provado que veículos com
mais de quinze anos produziam danos irreparáveis na qualidade do ar no centro
da cidade.” Interpelado por um jornalista que, num repente, atirou “o senhor deve estar equivocado. A Quercus
confirma que esses automóveis são muito poluentes”, Rufino Ornelas ripostou,
com indisfarçável incómodo, “o senhor
jornalista devia ter mais cuidado e informar como os jornalistas deviam fazer:
com imparcialidade. Não esconda dos seus leitores que a Quercus tem uma aliança
com o senhor Costa”.
No
meio do burburinho gerado, que só findou com a retirada do jornalista da sala à
força dos seguranças contratados, o dirigente da associação de oficinas
prosseguiu nas denúncias:
-
Esta decisão foi para fazer um frete às
marcas de automóveis de que se diz serem mais limpas. As marcas alemãs, com
certeza. Cidadãos que me escutam, tirem as suas conclusões. Se o presidente da
câmara de Lisboa vier para primeiro-ministro, não será diferente de Hollande,
como não será diferente na vassalagem que o atual primeiro-ministro presta a
Merkel. Vai continuar tudo como dantes. Com uma pequena diferença (para pior).
Veremos mais Audi, BMW e Mercedes no centro de Lisboa. Desafio a justiça a
instar o senhor Costa a mostrar as suas contas bancárias. Os portugueses que
não se deixem enganar pelos ardis do bloco central. Esta personagem é da mesma tiragem
do primeiro-ministro que ele quer substituir.
Meses
mais tarde, Portugal tinha, enfim, o seu Podemos-Syriza.
Liderado por Rufino Ornelas.
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