3.2.15

Uma conspiração perto de si

(Ficção baseada numa notícia verdadeira)
Afinal o Costa, o D. Sebastião que prometeu devolver o poder aos socialistas, o quase Obama português, o (asseguram os esperançados) futuro timoneiro da coisa que a vai salvar dos atuais ineptos, é um vendilhão ao serviço da grande finança alemã. Está a soldo da BMW, da Mercedes-Benz, da Audi – e até, talvez se pudesse certificar, da Porsche, não se fosse dar-se o caso de apenas um quinhão de angolanos desterrados e de chineses detentores de dinheiro pouco recomendável se poderem assenhorear de um Porsche.
A denúncia foi feita por Rufino Ornelas, dirigente da associação nacional de oficinas automóveis. Ornelas informou, em conferência de imprensa, que teve acesso a escutas telefónicas que provam as suspeitas que o ramo das reparações em automóveis em idade avançada (vulgo, chaços) já tinha desde que o Costa, ainda edil de Lisboa, decidiu proibir automóveis com idade superior a quinze anos de virem ao centro da cidade. O dirigente da associação de oficinas protestou contra a inoperância da medida: “esta proibição não tem fundamentos científicos. Não está provado que veículos com mais de quinze anos produziam danos irreparáveis na qualidade do ar no centro da cidade.” Interpelado por um jornalista que, num repente, atirou “o senhor deve estar equivocado. A Quercus confirma que esses automóveis são muito poluentes”, Rufino Ornelas ripostou, com indisfarçável incómodo, “o senhor jornalista devia ter mais cuidado e informar como os jornalistas deviam fazer: com imparcialidade. Não esconda dos seus leitores que a Quercus tem uma aliança com o senhor Costa”.
No meio do burburinho gerado, que só findou com a retirada do jornalista da sala à força dos seguranças contratados, o dirigente da associação de oficinas prosseguiu nas denúncias:
- Esta decisão foi para fazer um frete às marcas de automóveis de que se diz serem mais limpas. As marcas alemãs, com certeza. Cidadãos que me escutam, tirem as suas conclusões. Se o presidente da câmara de Lisboa vier para primeiro-ministro, não será diferente de Hollande, como não será diferente na vassalagem que o atual primeiro-ministro presta a Merkel. Vai continuar tudo como dantes. Com uma pequena diferença (para pior). Veremos mais Audi, BMW e Mercedes no centro de Lisboa. Desafio a justiça a instar o senhor Costa a mostrar as suas contas bancárias. Os portugueses que não se deixem enganar pelos ardis do bloco central. Esta personagem é da mesma tiragem do primeiro-ministro que ele quer substituir.
Meses mais tarde, Portugal tinha, enfim, o seu Podemos-Syriza. Liderado por Rufino Ornelas.

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