Beirut,
“Nantes” (Take Away Show), in https://www.youtube.com/watch?v=R781LDKOVJE
Manobras circenses. Para
entreter o povaréu. Desviando-o do que poderia, talvez, importar. Ou não: pois
se nos ensinam, desde que largamos os cueiros, que o circo entretém, começando
aí o hedonismo que a santa igreja abjura, deixemos o circo seguir a função
mesmo depois de deixarmos de ter idade (a não ser que lá tenhamos de ir mercê
das vontades da descendência).
Em tempos imemoriais, o
circo era com as feras, devidamente não amestradas, a comerem vivos gladiadores
ensossos. A turba, à semelhança dos aficionados das touradas, exultava. Os
tempos ficaram modernos e deixámo-nos destas bestialidades. Deixámos de nos
comprazer com a morte de gente, passámos a glorificar a morte de animais; um
avanço na civilização, decerto. Adulamos outras, mais comezinhas, bestialidades,
que não exigem chiça humana trincada por leões esfaimados. Os circos modernos
são – e lá vem palavra tributária da modernidade – mediáticos.
Uns exemplos dos circos
que estão em cena. Uma senhora, de sua profissão empregada de limpeza, titular
de contas bancárias suíças cujos ativos totalizam duzentos e vinte e sete milhões
de euros (assim, por extenso, para ser mais categórico). A excitação (sem
segundos sentidos) por causa de um filme que está para estrear e que
parafraseia um livro que ensina BSDM aos incautos – e que podia ser a salvação
de muitos orçamentos familiares, se os varões o lessem e soubessem que a maior
fatia de adoradores da obra são desconsoladas mulheres mães de família. Uns
ministros helénicos que fazem as delícias de outra estirpe do género feminino,
enquanto passeiam o charme casual entre
cimeiras de ministros de outros países (esses, tacanhos, teimosos em manter o dress code).
Os turpilóquios do mais famoso preso preventivo, que em folhetins ocasionais se
vai sabendo (com furos do segredo de justiça) da linguagem cifrada que inventou
para as escutas telefónicas não o apanharem nos negócios gananciosos. E as duas
mulheres mais desbocadas da seita socialista, feitas inimigas figadais uma da
outra, em indecoroso bate-papo nas redes sociais – talvez dando razão ao
helénico governo que, de tão progressista e fraturante, hélas,
não encontrou nenhuma mulher para ministra.
Quem disse que os circos
são uma maçada?
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