Queens of the Stone Age & Mark Ronson, “Goodbye Yellow Brick Road” (live), in https://www.youtube.com/watch?v=9Lzz96COcb0
O pôr-do-sol.
Uma ave que plana na incumbência do vento alíseo.
A carteira sem dono, perdida nos arbustos.
A platitude dos dias repetidos.
A admoestação do purista ao dendroclasta.
O tributo à natureza.
A participação dos atentados contra a dignidade.
Um banho de moralidade, tão cansativo.
A fogueira onde se incensam as lições atiradas aos rostos dos outros.
A insubmissão premiada.
O lugar temente onde ninguém gosta de estar, a não ser os que não se consideram ninguém.
A efeméride deserta, por esquecimento.
O remendo da memória, já que ela não tem remédio.
O restaurante prometido.
A fortuna indivisa, em sua imaterialidade.
Um esboço de poema, inacabado.
A garrafa que deu à costa e que não se sabe que conteúdo continha (e quem a bebeu).
O sortilégio da manhã embaciada.
Uma farinha fina para a levitação dos atos desejados.
Um gato a beber leite da tijela.
A cornucópia de cores legada pelo arco-íris.
O gesto familiar embebido na mnemónica do futuro.
O mar, manso.
Um tira-teimas sem saber das possibilidades a jogo.
Um reencontro na ausência da memória.
O logradouro onde se faz esperar a noite.
A escadaria que aproxima do epílogo.
Um desenho espartano com as coordenadas dos segredos sem proveito.
Os sonhos amaciados na pele suada.
A reposta à solicitação de um estranho.
O disco de que não se sabe ser última audição.
Tudo o que não se sabe e nem faz sentido indagar.
A singeleza do dia sem retaliações, do dia enquanto o foi.
O palco sem ser palco e que é todos os dias encenado.
O remoinho de palavras que convergem no avesso da maré.
As mentiras sem paradeiro, inúteis.
A morte sem medo.
O mais alto navio, em que todos somos capitães.
O apetite da vida.
O ensino do tempo.
A hora do bolo.
Sem comentários:
Enviar um comentário