Acid Arab, “Malek Ya Zahri”, in https://www.youtube.com/watch?v=abYqLfAGX8E
O sangue fervente irrompe à boca de cena. Congemina-se um ato perfunctório. Não há tempo para a espera. Não há tempo – não há, tempo. Sentimento dividido, sem saber se é a inércia ou a ação que triunfa. Um assomo de contingência toma conta do palco. A redenção não parece remédio, apenas remendo. O sangue continua em ebulição, o córtex cerebral destilando uma constelação de sensações que desagua num pensamento intenso e tempestuoso. As sinapses atropelam-se, desatam o caos que se cheira à distância. Não é embaraço. Quando tudo parece uma convulsão sem remédio, o húmus configura-se ato balsâmico. As mãos mergulham no húmus ainda húmido pela noite que deixou um rasto de orvalho à volta das árvores. E à medida que mergulham no húmus, o sangue refrigera, a combustão perde o pavio. A solicitação não é inexata. Não é impraticável. As empreitadas parecem inacessíveis quando são vistas de longe. As mãos demoram-se no húmus. Vitaminam-se no húmus, constituído terapia. As mãos não se intimidam, não se sobressaltam pela possibilidade de remexerem na matéria viva que aviva o húmus. As mãos também são matéria viva, a matéria intrusa no ecossistema que é pertença de outra matéria viva. Retira as mãos do húmus e nota como estão enlameadas, pedaços de inertes escorrendo vagarosamente, lubrificados pela humidade que é o parente rico do húmus. As unhas estão inapresentáveis. Mas não capitula. O sangue ainda não se refreou na medida desejada. Repete o remexer do húmus, esperando pela quimera que anuncia o pretendido. Ah! Se ao menos o húmus abundasse, não era empreitada encorpada ajeitar os contratempos com as mãos assim tonificadas. Mas o húmus reside na medula que há em cada um. O que está em falta é a imarcescibilidade do corpo na medula que merece ser demandada. Esse é o húmus interior em falta. O melhor húmus.
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